“Pantanal” mete o dedo em feridas no horário nobre da Globo.
Nesta segunda-feira (28), estreia ás 21h30 da noite o remake de “Pantanal”. Assinado por Bruno Luperi, neto do autor da obra original, Benedito Ruy Barbosa. A Globo abre uma janela para um lugar paradisíaco, mas coloca o dedo na ferida ao abordar uma região que sofre uma devastação monstruosa com as queimadas.
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O folhetim é mais que paisagens deslumbrantes, traz um enredo que teve repercussão em todo o Brasil e até fora do país em 1990. A história tem grilagem de terras, várias mortes, machismo, disputa entre filhos, rivalidade feminina, “seres sobrenaturais” e até incesto.
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“Quando eu soube que iria fazer esse projeto, eu tremi inteiro. Eu, há 30 anos, fiz uma novela na Globo que teve de lutar muito [por audiência] por causa do barulho que a versão original fez”, contou o diretor artístico, Rogério Gomes em entrevista ao Notícias da TV.
Conhecido como Papinha, o diretor deixou a Globo após desenvolver toda a concepção da nova versão e gravar 60 dos 170 capítulos previstos do folhetim.
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HISTÓRIA DA NOVELA DA GLOBO
A trama começa há mais de 30 anos, quando José Leôncio (Renato Góes/Marcos Palmeira) e seu pai, Joventino (Irandhir Santos), se instalam no Pantanal. O peão domador de bois selvagens, desaparece deixando seu filho para trás e preocupado.
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José Leôncio honra a memória do pai, cuidando da fazenda que herdou com pulso firme. Nesta primeira semana da novela, ele faz uma viagem ao Rio de Janeiro para negociar uma venda grandiosa de gado e se apaixona por Madeleine (Bruna Linzmeyer/Karine Teles).
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Os dois se casam e acabam tendo um filho, Jove (Jesuíta Barbosa), mas a patricinha não se acostuma à vida no Pantanal e foge levando o herdeiro para o Rio de Janeiro.
A história saltará no tempo na sua quarta semana de exibição para mostrar Jove à procura do pai após uma vida inteira pensando que ele estava morto. Já no Pantanal, o jovem vai conhecer Juma Marruá (Alanis Guillen), e a história de amor dos dois se tornará a principal da novela da Globo.
JUMA É O PILAR DE ‘PANTANAL’
Filha de Gil (Enrique Diaz) e Maria Marruá (Juliana Paes), Juma cresce sob os olhares atentos da mãe, que a ensina a se defender de tudo e todos. A jovem é como a mãe, incorpora uma forma selvagem de viver. A personagem é o pilar da trama.
“Acho que ela representa de alguma forma todos os outros braços, os outros personagens. Jove é algo complementar a Juma. É interessante esses personagens, porque ele está em um sentido sempre oposto ao dela. Ele é mais feminino, e ela tem uma coisa masculina no sentido da natureza”, explicou Jesuíta Barbosa em entrevista concedida à imprensa através do Gshow.
GLOBO EXPÕE DEDO NA FERIDA
O remake de “Pantanal”, vai manter a essência do que o público assistiu na obra original na extinta TV Manchete. Essa é uma aposta ousada da Globo para atrair o público apaixonado por folhetins clássicos e também resgatar a memória afetiva dos pais de família que assistiram a primeira versão.
Também é uma vitrine para os brasileiros do interior do país, pela questão da identificação com universo rural; e os mais jovens, com a atualização do folhetim para os dias de hoje e a discussão em torno da preservação ambiental.
“Jove e Guta [Julia Dalavia] são personagens que trazem bastante essa conversa, são as vozes dos novos tempos. Procurei legitimar as personagens femininas, trazer luz para as questões que envolvem elas e para a força que elas têm”, contou o autor do remake, Bruno Luperi.
“O tempo é um agente fundamental em Pantanal. Ele influencia a ação humana, a sociedade. Há 30 anos, a grande inovação era o rádio, não havia nem luz na região. Hoje, tem até internet. As barreiras diminuíram, mas nós precisávamos manter aquele mesmo universo. Um Pantanal mais idílico”, revelou o escritor em entrevista ao Notícias da TV.
Em meio à natureza tem seres sobrenaturais, além de lendas como um homem que se torna uma cobra para cuidar da floresta. Até mesmo um núcleo carioca foi criado, justamente para não afastar o telespectador das novelas tradicionais, tendo dondocas, influenciadores digitais e tudo mais.
MACHISMO E INCESTO SERÃO ABORDADOS NA NOVELA
“Pantanal”, é mesmo um caldeirão para agradar todos os públicos, mas também não deixará de abordar polêmicas.
Murilo Benício dá vida a Tenório, fazendeiro conservador, mas extremamente machista e que tem uma segunda família em São Paulo. Já a sua filha, Guta (Julia Dalavia) representa a mulher contemporânea, formada em Engenharia Civil e independente.
A personagem de Julia Dalavia será responsável por mudar completamente o rumo da família, já que descobrirá da pior forma a vida dupla do pai ao se apaixonar pelo irmão Marcelo (Lucas Leto), em São Paulo. A casa do machista da trama vai desabar depois que ela voltar ao lar da família em Mato Grosso do Sul.
“É bom falar [do machismo], é bom que as pessoas se reconheçam em um certo lugar. É bom falar sobre Tenório, porque ele existe, é tudo que a gente não quer, é tudo que a gente já tem como ultrapassado. Então, eu acho que vai ser uma boa forma de espelho para uma parcela de pessoas que ainda não conseguiu evoluir nesse lugar, que grande parte da sociedade já se encontra hoje”, revelou Murilo Benício sobre o seu novo personagem no horário nobre da Globo.