O “Documento Verdade” da última sexta (27) abordou a transexualidade. Entre outros entrevistados, estava a cartunista Laerte Coutinho, que falou sobre o preconceito.
“Passei minha vida inteira sendo conhecida como conhecido. Passei minha carreira toda vinculada a uma pessoa masculina, então eu respeito isso. Gosto da minha história também”, comenta ela na atração de Augusto Xavier, explicando que não quer ser reconhecida como mulher.
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“Não sou mulher, sou uma pessoa trans. Tenho essa vivência no feminino, mas não sou uma mulher. Inclusive, isso é objeto de alguma hostilidade, como se eu estivesse pretendendo ser reconhecida como uma mulher 100% mulher, coisa que não existe. (…) Me apresento como uma pessoa transgênero, como uma mulher trans”, explica.
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Ela, que é pai e avô, contou durante o programa como o neto vê a questão de sua identidade. “Não tenho problema em ser pai, não tenho problema em ser avô também, e sou uma mulher. O meu neto entende isso, sabe disso. Ele tem um jeitos muito engraçados de formular isso: ‘você é menino e menina, né?’. E eu digo que sou”.
Ela é enfática quando questionada se há alguma diferença entre ela vestida de mulher e homem. “Em termos de cabeça, nenhuma. Eu não virei outra pessoa, sou a mesma pessoa mais satisfeita, mais tranquila, e por causa disso estou pensando melhor. Meu trabalho não se transformou porque agora sou mulher, se transformou porque agora estou tranquila em relação às coisas que eram angustiantes para mim e eu não sabia”, comenta a cartunista, que ainda relembra a primeira vez que saiu às ruas com roupas femininas. “Eu comecei com uma minissaia, umas coisas assim mais modestas. Eu não usava seio, eu basicamente fui com uma saia – uma minissaia – na padaria, e já levei um fiu fiu de uma Kombi que passou”.
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Ainda na entrevista, Laerte destacou a importância de sua exposição na mídia para a conquista da liberdade. “Não estamos falando da minha vida, estamos falando da vida de milhões de pessoas. E não só as pessoas que estão se expressando de forma transgênera, são as pessoas que ainda vão se expressar. É a liberdade que estamos tentando conquistar para todo mundo”.