Rede gigante e tradicional de farmácias pediu pela falência em país após se afundar em dívidas e situação incerta explodiu em meio a escândalo dos opióides
As farmácias e empresas do setor de medicamentos possuem um papel crucial perante a sociedade como um todo. Até porque, esse modelo de negócio vai muito além do que simplesmente fornecer remédios e ferramentas de cuidados.
Elas também promovem um suporte valioso para as pessoas e contribuem para o bem-estar geral e a qualidade de vida dos mesmos. Diante da sua importância, chega a ser inacreditável a ideia que farmácias possam quebrar, não é mesmo? Mas infelizmente, nem as mais tradicionais passam ilesas desse risco que aliás tem afetado em cheio o comércio nos últimos anos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Só para ter uma vaga ideia, ainda em outubro de 2023, uma gigantesca rede de farmácias dos Estados Unidos serviu como exemplo disso ao entrar com um pedido de falência, deixando milhares em choque.
Trata-se da Rite Aid, considerada como uma das 10 maiores e mais tradicionais redes de farmácias do país norte americano, fundada ainda em 1962. Toda essa crise enfrentada por ela e seu pedido de falência, explodiu após a mesma se afundar em uma dívida milionária e passar por uma severa crise nos Estados Unidos.
Um verdadeiro escândalo
Segundo o portal Valor Econômico, sua recuperação judicial aconteceu em meio à chamada “guerra dos opióides“. Pra quem não sabe, esse tipo de medicamento pode gerar uma intensa dependência química, cujos quais podem ser usados para uso recreativo e sem prescrição médica.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Esse tipo de comportamento de consumo acabou culminando em elevados casos de mortes por overdose nos Estados Unidos.
Conforme reportagem do New York Times, só a Rite Aid enfrentou mais de mil processos judiciais, em todas as esferas, inclusive a federal. Ainda em março de 2013, o Departamento de Justiça apresentou a sua própria queixa, alegando violações da Lei de Falsas Alegações e da Lei de Substâncias Controladas.
LEIA TAMBÉM!
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
No ano de 2017, os mais de 1.000 casos relacionados com opiáceos foram consolidados no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Norte de Ohio.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Os processos afirmavam que seus farmacêuticos assinaram receitas ilegais de analgésicos. Porém, conforme o portal Valor, a companhia negou TODAS as acusações.
Dívidas que não acabam mais
Conforme exposto pela Industria SA, os problemas da Rite Aid não se limitam a esse litígio dos opióides. Da mesma forma que inúmeras varejistas pelejavam nos Estados Unidos na época, ela também foi duramente atingida pela redução e o esgotamento do estoque.
Ainda no último ano de 2023, o diretor financeiro, Matthew C. Schroeder, disse aos investidores por meio de uma teleconferência, que os prejuízos da empresa foram de exatos US$ 9 milhões, bem maiores do que no em 2022.
Ele ainda acrescentou que a empresa fechou lojas em “áreas de grande encolhimento”. Em resposta ao pedido, o analista Neil Saunders, diretor-gerente da GlobalData, disse por meio de um e-mail que a falência era a “única opção sensata” para a Rite Aid.
A Rite Aid já possuía cerca de US$ 3,3 bilhões (o que equivale a aproximadamente R$16 bilhões) em dívidas de longo prazo, em junho de 2023, quando divulgou os resultados financeiros do primeiro trimestre.
Ainda de acordo com o Valor Econômico, a Rite Aid já havia fechado 145 lojas em 2022 e outras 25 no segundo trimestre de 2023, de acordo com a sua divulgação de resultados.
Schroeder afirmou aos investidores que a empresa avaliava o desempenho das lojas “de forma contínua” e considerava contratos de arrendamento. Segundo o Wall Street Jornal, cerca de 500 lojas pertencentes a Rite Aid ficaram na mira para fechar as portas em meio ao plano de reestruturação da varejista.
Schroeder ainda frisou que a rede observava atentamente em soluções para gerar o máximo de lucro possível e, ao mesmo tempo, manter a presença nas comunidades.
Como está a situação da Rite Aid em 2024?
Conforme o portal Achei Usa, na declaração sobre o pedido de falência (Capítulo 11), a empresa afirmou que recebeu um compromisso de 3,45 mil milhões de dólares em novos financiamentos de credores.
O que proporcionaria liquidez suficiente para apoiar a empresa durante todo o processo de reestruturação. Também foi anunciada a nomeação de Jeffrey S. Stein como CEO, diretor de reestruturação e membro do conselho de administração da empresa.
É bom deixar claro que, conforme exposto pelo portal norte-americano Drug Store News, as farmácias da Rite Aid continuam funcionando mesmo meio a sua reestruturação.
Em um comunicado oficial, a rede gigante de farmácias confirmou essa informação tanto aos clientes como seus funcionários. Com isso, a empresa tem um certo respaldo para finalizar suas negociações com os credores e consiga mais liquidez neste momento aterrorizante que a mesma ainda vivencia.
Conforme apurações do TV Foco, a rede social da empresa também permanece ativa e compartilhando novidades, como podem ver por aqui*. De acordo com o Yahoo Finance, apesar da Rite Aid continuar lutando para conseguir um financiamento para escapar do tribunal de falências, ela ainda passa por obstáculos.
Até porque alguns de seus credores questionaram se a empresa terá liquidez suficiente para apoiar o surgimento do Capítulo 11, cujos quais estão pedindo aos consultores que reduzam seus honorários. Vale destacar que a falência da Rite Aid tem sido um empreendimento caro, já que a empresa acumulou centenas de milhões de dólares em honorários profissionais, destacando suas dificuldades financeiras.
De acordo com a CNBC, o juiz de falências dos EUA, Michael Kaplan, aprovou o plano de falência da Rite Aid em uma audiência judicial em junho de 2024, em Trenton, Nova Jersey, permitindo que a rede de farmácias cortasse US$ 2 bilhões em dívidas e transferisse o controle da empresa para um grupo de seus credores, de acordo com a CNBC.
A Rite Aid frisa que planeja sair da falência em breve, financiada por US$ 2,55 bilhões em financiamento fornecido por seus credores, de acordo com a Reuters. De acordo com o portal americano Pennlive, as últimas lojas fechadas nos Estados Unidos foram:
Michigan
- 2255 S. Jackson Estrada, Jackson
- 22521 Michigan Ave., Dearborn
- 2857 S. Estrada do Condado 489, Lewiston
- 800 W. Ann Arbor Estrada, Plymouth
- 100 E. Vienna Road, Clio
- 309 N. Main St., Frankenmuth
Ohio
- 651 Lincoln St., Cádiz
- 304 Harding Way Oeste, Galion
- 1921 S. Defiance Estrada, Archbold
- 8619 Waynesburg Drive, SE, Waynesburg
Califórnia
- 3550 S. La Brea Ave., Los Angeles
Considerações finais:
Vale mencionar que a falência da Rite Aid reflete lutas de longo prazo no setor varejista de farmácias. A maior parte das vendas das farmácias vem do preenchimento de receitas. Mas os lucros desse segmento diminuíram nos últimos anos devido às taxas de reembolso mais baixas para medicamentos prescritos.
Apesar das drogarias terem de certa forma se beneficiado durante a pandemia, ainda mais com as aplicações de vacinas contra a Covid-19, o fato é que houve uma queda nas vendas presenciais e com isso, como era de se esperar, a receita diminuiu drasticamente.
O que nos resta é aguardar para ver como a mesma irá se sair nessa reta final de 2024 e como irá desempenhar no cumprimento do seu plano de recuperação judicial