Grande operadora de celular, muito conhecida no país, acabou sumindo do mapa deixando rastros de dívidas e reclamações entre clientes após pedido de falência
Quando falamos em operadoras de celular, logo vem em nossa mente nomes como Vivo, Claro, Tim e até mesmo da Oi, não é mesmo? Porém, o que muitos não sabem, é que já existiram em nosso país outros nomes de operadoras que, apesar de serem consideradas grandes promessas, acabaram não vingando e deixaram de existir da noite para o dia.
Uma delas é a Unicel, carinhosamente conhecida como Aeiou, cuja qual iniciou suas atividades oficialmente no ano de 2008, com a promessa de que seria uma “Gol da telefonia móvel”. Infelizmente, não foi bem isso que aconteceu … Além de sumir do mapa, a mesma deixou um rastro de dívidas e uma série de reclamações de assinantes que ficaram no mais completo abandono.
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Segundo o portal Valor, até mesmo a Anatel ficou sem saber do “paradeiro” da companhia. Em um comunicado emitido em agosto do ano de 2011, pelo “Diário Oficial da União”, o órgão tinha declarado que a Aeiou se encontrava em “local incerto e não sabido”
Uma promessa de sucesso
Vale dizer que a chegada no mercado da Aeiou foi lenta e sua abrangência limitava-se apenas na região metropolitana de São Paulo. O que era um processo até que razoável para quem estudava o mercado inicialmente.
Afinal de contas, era preciso estabelecer uma base para entender a aceitação e só depois estudar os maiores passos como uma possível expansão nacional. O modelo de negócio foi de fato uma grande novidade na época, uma vez que as grandes operadoras ainda não eram tão avançadas em determinadas demandas.
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Segundo o portal Minha Operadora, a Aeiou fornecia o chip gratuitamente e exigia uma recarga mínima de R$ 20 para que a solicitação fosse realizada. O trabalho era apenas na modalidade do pré-pago e não havia venda de celulares, sendo assim, o foco era mesmo a telefonia móvel.
Outra novidade que foi um verdadeiro BOOM, é que a “moderninha” trouxe no ano de 2008 uma operação 100% digital. Diante disso, a empresa estava bem mais otimizada, contando com apenas 60 funcionários e oferecendo um login para que o usuário acompanhasse tudo pelo site. Informações como:
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- Consumo de créditos em tempo real;
- Atendimento;
- Suporte;
- Outras informações que poderiam ser facilmente consultadas no portal web.
Mas, apesar de atualmente esses serviços parecerem algo trivial, para a época, isso caiu como uma verdadeira bomba revolucionária. Em ligação entre celulares da Aeiou, a tarifa por minuto era de R$ 0,14.
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Já para outras operadoras era R$0,63. Para telefones fixos, era possível fazer uma chamada por R$ 0,63 o minuto.
Expectativas x dura realidade
No primeiro ano de operação, a expectativa era atrair 500 mil clientes aonde se estipulou uma meta de 2 milhões para bater em 2010. Mas a Aeiou que começou efetivamente no mês de setembro, no fim daquele mês, havia conquistado somente 3.649 novos consumidores.
Um número bem baixo, mas considerado consistente de acordo com os executivos da empresa na época. Afinal de contas, a empresa se tratava de um “soft launch”, ou seja, lançamento suave, onde o início das operações funciona como uma espécie de teste, preparação de terreno para “voos maiores”.
Pensando nos dias atuais, de fato, ela teria mais êxito já que bastaria o usuário acessar o site, pedir o chip e adquirir uma recarga com o cartão de crédito ou débito para aderir ao seu plano. Mas no ano de 2008 o Brasil já possuía uma das piores conexões banda larga do mundo, conforme destacava uma pesquisa da Cisco Systems.
Além do mais, a penetração de acesso e densidade também eram menores do que nos dias atuais. Diante do cenário, apesar de promissora, a ideia de depender e focar na internet era extremamente arriscada e culminou em situação de fracasso para a Aeiou.
A situação ficou tão delicada que a operadora cogitou em vender chips e recargas em casas lotéricas para justamente aumentar o número de clientes e fisgar os consumidores que não tinham cartão ou conta bancária.
Foi aí que em 2011 tudo degringolou de vez, quando a empresa simplesmente “virou fumaça”. Em esfera judicial, o destino da empresa, de seus acionistas e executivos também ficou no desconhecido.
Ações contra a Aeiou– incluindo pedidos de falência – tramitavam com lentidão porque os oficiais de Justiça não conseguiam notificá-la. Inclusive, até hoje os órgãos de defesa do consumidor acumulam reclamações contra a operadora.
A operadora pertencia à família do empresário José Roberto Melo da Silva e entrou em atividade após longa disputa com a Anatel, prometendo investir US$ 120 milhões (quase 500 milhões de reais), o que não aconteceu, formando assim (de certa forma) um calote milionário.
Ainda segundo o Portal Valor, no ano de 2010, a empresa esteve nos holofotes quando vieram à tona o escândalo de que ela teria sido favorecida pela então chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. Para obter uma licença de operação na faixa de 400 megahertz., José Roberto Camargo Campos, marido da ministra, era consultor da operadora
O escândalo
Desde maio daquele ano, a Aeiou não prestou mais informações à Anatel. Inclusive, naquele mês, a empresa tinha apenas 14.565 clientes, um número considerado irrisório pois equivale a 0,007% dos assinantes de telefonia móvel no país.
A companhia também faltou com pagamentos das licenças adquiridas em leilões promovidos pela Anatel em 2005 e 2007 (uma outorga para atuar na Grande São Paulo e uma faixa de extensão).
Nos dois casos, a empresa pagou a parcela inicial (10% do total), mas não quitou as seis prestações restantes. O montante que ainda teria a pagar beira os R$ 100 milhões. Por causa das dívidas, a Unicel foi inscrita no cadastro de inadimplentes do governo federal (Cadin).
Em julho de 2011, a agência exigiu a devolução de 48 dos 50 prefixos de celular que cabiam à Unicel, alegando que estavam subutilizados.
Situação dos clientes
Como mencionamos logo no inicio desse texto, a operação da Aeiou seguiu a deixar os clientes no mais completo vácuo. Inclusive, naquela altura, não era mais possível entrar em contato com o atendimento da operadora e aos poucos os consumidores que conseguiam ser atendidos eram indicados a fazerem uma portabilidade para outra empresa de telefonia.
Mas o que causou o fracasso da Aeiou?
Segundo o portal Minha Operadora, além de surgir no momento errado, a Aeiou parecia despreparada quando o assunto era gestão, atuação e entrega dos serviços que foram prometidos. Afinal a operação não condizia, em nada, com a proposta inicial apresentada pela empresa: foco, qualidade, entrega e “revolução”.
Nos dias de hoje, com a internet mais desenvolvida, é bem possível que a operadora obtivesse um outro desfecho. Mas isso já é outra história …