Polícia na Globo: Delegado ameaça expulsar participantes do BBB19 por racismo e intolerância religiosa
15/02/2019 às 9h39
A polícia continua na cola da Globo por causa do BBB19. Após as declarações de Tiago Leifert na noite desta quinta-feira (14), o delegado da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro, Gilbert Stivanello, diz que poderá entrar no confinamento para interrogar Maycon e Paula.
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Ao jornal Extra, ele deu a seguinte declaração: “Após ver as imagens com cuidado, se eu tiver alguma dúvida se uma determinada fala foi proferida em tom de opinião ou deboche, posso solicitar o interrogatório. Uma coisa é falar que tem medo de determinada religião, que é uma opinião pessoal, outra é debochar”.
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A Globo então foi notificada e enviou os vídeos solicitados pelo delegado para análise na tarde de quinta-feira (14), e foi esse o motivo da explicação de Tiago Leifert na noite de ontem. “O programa ainda vai demorar a terminar, e a delegacia não pode ficar dois meses parada em função da programação”, explica o delegado.
“Se a emissora puder nos receber, ótimo. Do contrário, a pessoa tem que atender a justiça e isso poderia provocar a expulsão”, revela Gilbert Stivanello, sem citar nomes, mas referindo-se aos brothers que falam sobre as religiões de matriz africana, como Maycon e Paula.
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Os dois chegaram a criticar Rodrigo e Gabriela pela prática. O vereador e ex-secretário estadual de Direitos Humanos, Átila Alexandre Nunes (MDB), notificou a distrital, reforçando a necessidade do inquérito para investigar o caso, e diz que tomará as providências até o fim.
“Se a Decradi não tomar providências, vamos fazer uma representação direta ao Ministério Público”, revela Átila. “Pode ser um simples comentário, mas que perpetua o preconceito. É importante reforçar o papel institucional da Decradi, mas vamos acompanhar o caso”, continua.
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“Se começar a denunciar, as pessoas vão praticar menos crimes como esse”, explica. O professor de Filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pastor presbiteriano, Alexandre Marques, diz que os comentários podem ser considerados discriminatórios e racistas, em entrevista ao jornal O Globo.
“Qual o significado de Jesus numa fala dessas? Com certeza não é o Jesus bíblico. Não é necessário criar concorrência e muito menos criar demonizações para enaltecer Jesus. São frases racistas. Se eles fossem brancos, de olho claro e adeptos do budismo, que também invoca antepassados, duvido que tivessem feito essa relação”, disparou.
“O fato de estarem participando de um reality show não os isenta de responder por falas racistas. Cabe ao Ministério Público abrir uma ação civil de forma imediata. Tem uma particularidade no Brasil de as pessoas acharem que racismo é brincadeira. Mas não é. É ofensa”, disse ainda ao jornal.
Já Sonia Maria Giscomini, professora de Sociologia do Instituto Universitário de Pesquisas do RJ, revela: “Isso se deve ao fato de serem religiões ligadas originalmente aos subordinados, aos pobres, aos destituídos de poder. Esse episódio do programa reflete algo que está fora dele”. A Globo não se manifestou sobre o assunto.