É bastante nítida na TV brasileira a falta de criatividade das emissoras em atrair público durante a tarde. Reprises e mais reprises fazem do telespectador uma espécie de herói, por sua paciência e comodidade. Ano após ano, a linha de shows das principais redes se revigora ou se recicla, com altos investimentos e ampla divulgação.
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No fim das tardes de 2004, a Record exibia o “Tudo a ver”, o seu “JH” com maior duração e âncoras mais permissivos e espontâneos. Paulo Henrique Amorim e Patrícia Maldonado apresentavam a revista eletrônica com matérias exclusivas e quadros bem delineados, como o “Estilo”, com Ana Hickman dando dicas de moda.
Bem diferente do “Tudo a ver” apresentado por Tina Roma alguns anos depois, que reexibia as matérias dos jornalísticos da casa e até o Rodrigo Faro, com seu “Dança Gatinho!” do último sábado.
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Ano passado, as exageradas reprises do “Pica-Pau” e “Todo mundo odeia o Chris” fizeram Honorilton Golçalves, vice-presidente da Record, dizer que são os telespectadores os exagerados em gostar das coisas, obrigando a emissora manter o que dá certo e que não havia o que ser alterado, afinal, a programação da Record tinha mais qualidade do que as outras emissoras.
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A última aposta do horário, o “Programa da Tarde”, parece não explorar essencialmente as qualidades dos seus três apresentadores e não traz nada de novo, algo que se o programa for tirado do ar hoje fará falta.
Em 2000, a sessão “Tarde de Amor” do SBT trazia tramas inéditas para o horário, também reprisou dois sucessos hispânicos do horário nobre, “A Usurpadora” e “O Privilégio de Amar”. O trunfo das tardes dos últimos anos foi substituir a sessão “Cinema em casa” e apostar de novo nos dramalhões mexicanos da Televisa e nos remakes produzidos em parceria com a mesma.
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Tudo bem, foi estratégico angariar um público cativo, mas isso revela certa preguiça em botar a cabeça pra pensar um formato novo, popularesco, aquilo que o SBT sabe fazer bem. É importante considerar que a emissora de Silvio Santos é uma das maiores importadoras de formatos de fora. Até demais.
Intocada mesmo é a programação global. Mesmo provada à rejeição do público, a toda-poderosa insiste em deixar como está. Ano passado até houve um burburinho do programa da Fátima ser exibido a tarde, mas ficou daquele mesmo jeito, pra variar. Curioso é que as reprises do canal Viva parecem mais atraentes que as exibidas no caquético e insistente “Vale a pena ver de novo”. Tem a “Malhação” que continua a ser chamada “Malhação” e as tradicionais piadas sobre “A Lagoa Azul” continuam a nos encher de riso. E até a piada continua a mesma.
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Tão primordial quanto o horário nobre é a programação toda de uma emissora. As emissoras têm o compromisso de entreter e informar quem as assiste e não cansá-los com repetidas fórmulas e tradições imutáveis. O telespectador de hoje não é o mesmo da década de 90 ou 2000, se ele estiver entediado vai pro computador ou sintoniza um canal a cabo.
Texto enviado por: Willian Aust
As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não reflete a opinião do site TV Foco.