O SBT vem perdendo audiência na faixa infantil de suas manhãs a cada ano que passa. Em dez anos, o “Bom Dia & Cia” perdeu quase metade da audiência na Grande São Paulo, mesmo sem concorrência do mesmo gênero na TV aberta. A atração continua registrando a terceira colocação na audiência.
Para o jornalista Paulo Pacheco, a falta de investimento das emissoras nos programas desse tipo e as últimas restrições na publicidade infantil são os principais motivos para essa queda. Já para a ex-apresentadora do programa, Jackeline Petkovic, o formato da atração do SBT engessou há um bom tempo.
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Em 2004, quando a Globo, SBT e Record exibiam programas infantis na faixa da manhã, o “Bom Dia & Cia” registrava média de 8.2 pontos, quando apresentado pela dupla Jéssica e Cauê. O programa sempre batia a Globo, que fechou o ano com 8.6 pontos, e a Record, que registrava apenas 2.9 no horário.
Hoje, a situação das emissoras é outra. A Record trocou os desenhos pelo programa “Hoje em Dia” e a Globo extinguiu a “TV Globinho”, colocando o “Encontro” no lugar. Sem a disputa pelo público, o “Bom Dia” não se beneficiou da troca da programação e caiu 46% na audiência até a terceira semana de agosto.
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A média anual do programa é de apenas 4.4 pontos. No horário, a Record fica na vice-liderança e acumula 4.6 pontos na faixa do infantil. Já o programa de Fátima Bernardes alavancou a audiência da Globo e em 2014 registrou 7.5 pontos, enquanto em 2012, o horário marcava 6.8 pontos com o infantil.
Vale lembrar que atualmente, o “Bom Dia & Cia” possui um formato monótono, com crianças telefonando para o SBT, participando de brincadeiras e concorrendo a prêmios em uma roleta. Jackeline Petkovic (1998 e 2004), acredita que o formato atual está engessado e deveria estimular a imaginação das crianças.
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“Perdeu muito colocando mais participação ao vivo. Quiseram fazer as crianças ligarem como era na época do Bozo. Acaba ficando só nisso, deveria ter outras coisas que prendam as crianças, como era quando eu apresentava. Eu procurava colocar mais conteúdo, brincar com a imaginação das crianças”, afirma.
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Ela lamenta a falta de investimento na atração por parte da emissora: “Desde a minha época, me falavam que o que dava audiência era o desenho e não a apresentadora. Foi exatamente por isso que saí. E não é bem assim, o desenho não humaniza. A apresentadora é o referencial humano da criança”, opina.
Beth Carmona, diretora de programação da Cultura entre 1990 e 1997, quando a emissora estava no auge, exibindo atrações como “Castelo Rá-Tim-Bum” e “Cocoricó”, avalia que a necessidade de atrair anunciantes e o crescimento da TV paga tornaram a criança desinteressante para as emissoras abertas.
“A acharam melhor investir nesse público mais amplo. As restrições à publicidade infantil desanimaram a TV. Para as emissoras abertas, o público infantil, do ponto de vista comercial, não ficou mais tão interessante. O crescimento da TV por assinatura afetou a composição da grade da TV aberta, que quer falar com público maior”, argumenta Beth.
Diretora do departamento infantil do SBT, Silvia Abravanel, afirma que a emissora está satisfeita com os resultados e que busca saber o que a criança quer assistir. “A emissora se preocupa com a audiência do programa e procuramos, baseados em pesquisas, atender o público para satisfazê-lo”, disse ela.