Emissora de Edir Macedo tentou se reinventar e apostou até em Sabrina Sato para turbinar domingos
Após uma longa e extensa campanha mediática, a Record finalmente estreou hoje (8) a sua nova programação dominical. A chegada de reforços de peso, como as apresentadoras Xuxa Meneghel e Sabrina Sato, entretanto, não se converteram em bons números de audiência.
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Pelo contrário: a performance dominical da Record desabou com as novidades. Na semana passada, com filmes que todo mundo já viu e a enésima reprise de Todo Mundo Odeia a Chris, a emissora chegou a beliscar a liderança em alguns momentos. Ontem, o que se viu foi um imenso buraco negro.
De todas as estreias e relançamentos, apenas a mais improvável teve resultados: o retorno dos Desenhos Bíblicos, entre 8 e 9h da manhã. As animações baseadas nos ensinamentos religiosos alcançaram pico de 4 pontos em um horário em que a Record sequer pontuava até a semana passada, e passaram o bastão para o Hoje em Dia na vice-liderança.
Bastou o Hoje em Dia entrar no ar para que começasse o show de erros estratégicos. A audiência caiu 50% logo de cara, e a edição dominical da revista eletrônica não teve nada de novo em relação ao veiculado de segunda a sexta-feira. O quarteto das manhãs da Record, por sinal, não tem ibope bom nem em sua exibição tradicional.
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De segunda a sexta, o Hoje em Dia só consegue perfomar bem em duas situações: durante grandes coberturas ou nos dias em que o Fala Brasil lhe entrega bons números. Como o noticiário matinal da Record virou freguês do Primeiro Impacto, o quarteto vive aos tapas com o Jogo Aberto, da Band.
Sabrina se destaca
Na sequência, a Record apostou no carisma da japonesa Sabrina Sato para fazer frente ao crescimento do Domingo Legal, em forte alta de público desde 2019. A eterna musa do Pânico é, com toda certeza, o ponto alto da nova programação dominical da rede.
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Ela mostra domínio do palco, e o enésimo novo formato do Domingo Show é realmente divertido — talvez um dos melhores programas produzidos pela emissora nos últimos anos. Maaaas… nem tudo são flores e elogios, não é?
Sabrina Sato foi literalmente jogada aos leões. Com um programa amarrado e pré-gravado, dificilmente terá condições de se impor diante da programação ao vivo do SBT. E além disso: Domingo Show é um título que ficou marcado pelo assistencialismo e exploração de desgraça feitas por Geraldo Luís. Ou seja, mais atrapalha do que ajuda. Manter este nome para algo diferente foi um erro imenso.
Pouco depois das 14h, foi a vez de Rodrigo Faro. O titular da Hora do Faro está tentando se reinventar e voltar a ter empatia com o público, que o cancelou depois de uma polêmica na cobertura da morte do apresentador Gugu Liberato, em novembro de 2019.
Mais animado e menos sensacionalista, o programa do queridinho do mercado publicitário foi claramente prejudicado pela nova estratégia de programação da Record: ele entra no ar quando Celso Portiolli já está embalado, e ficou de fora da migração dos jogos de futebol da Globo.
Xuxa: mais perto do Milton Neves que do SBT
A veterana Xuxa Meneghel, coitada, teve a missão inglória de encarar Faustão e o período mais forte do programa de Eliana Michaelichen, no SBT. E de quebra com o formato mais fraco que já apresentou na Record: o chato e arrastado The Four Brasil.
Tragédia anunciada: ficou mais perto da Band do que da vice-liderança, segundo dados prévios da Grande São Paulo. O programa de Xuxa não tinha audiência nem nas noites de quarta, com fraca concorrência. Não era difícil prever que seria um verdadeiro pandemônio com adversários de peso.
Audiência insatisfatória a parte, temos de ser sinceros: a direção da Record mostrou imensa boa intenção de fazer jus a sua assinatura institucional, “reinventar é a nossa marca”. Mas, em paralelo a isso, cometeu erros estratégicos primários.
Sabrina Sato e Rodrigo Faro, que estavam virando especialistas em desgraça alheia, mostraram tirar de letra o desafio de serem animados e conseguem entreter o público com um pé nas costas. Xuxa Meneghel, maior nome feminino da TV na atualidade, dá um show em qualquer formato.
É difícil crer, entretanto, que a audiência da nova programação da Record suba nas próximas semanas. A emissora tem a tendência histórica de mandar muito bem em dias de estreias, e ir perdendo público gradativamente conforme o tempo passa.
Se a Record tem esperanças de não ficar aos amassos com a Band, ajustes de programação serão mais do que necessários. A emissora, que se engalfinha com o SBT pela vice-liderança, não pode se dar ao luxo de dar tempo ao tempo, especialmente com um prognóstico tão negativo.
Fica, apesar da audiência ruim, os mais sinceros parabéns para a cúpula da Record pela tentativa de deixar de apostar em choro nos domingos. A boa intenção da rede é louvável e digna de aplausos. Fica a torcida para que ajustes sejam feitos o quanto antes e que a aposta siga no entretenimento. Quem ganha com isso é o público.