Regina Duarte defende que pessoas sem educação, analfabetos, não sejam obrigados a votar, detona Jean Wyllys e cria enorme polêmica

03/07/2019 às 14h03

Por: Redação TV Foco
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Regina Duarte ao lado do presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)
Regina Duarte defendeu que pobres não sejam obrigados a votar para não eleger nomes como Jean Wyllys, por exemplo (Foto: Reprodução)

Regina Duarte defendeu que pobres não sejam obrigados a votar para não eleger nomes como Jean Wyllys, por exemplo (Foto: Reprodução)

A atriz Regina Duarte nunca escondeu sua simpatia pela gestão do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, tanto que fez campanha para o então candidato ao Planalto durante o pleito de 2018. Do mesmo modo, a atriz é uma ferrenha apoiadora da Lava Jato, do ex-juiz federal e atual ministro Sergio Moro, e crítica de políticos de esquerda, como o ex-deputado federal Jean Wyllys, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a contratada da TV Globo também participou das movimentações a favor do impeachment de Dilma Roussef.

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Agora, no entanto, Regina Duarte causou polêmica nas redes sociais ao endossar uma proposta elitista sugerida à ela por um anônimo na rua, que prevê a não obrigação de pessoas analfabetas ou sem o fundamental completo de votar, por, na concepção do autor da missiva, e da própria Regina Duarte, serem essas pessoas as principais responsáveis pelos deputados e senadores que compõem o Congresso.

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Em uma série de publicações em sua conta no Instagram nesta quarta-feira, 03, muitos a favor do ministro de Jair Bolsonaro, Regina Duarte compartilhou o bilhete que disse ter recebido no domingo, 30, quando participou de uma manifestação em São Paulo a favor de Sergio Moro, e contra o jornalista do The Intercept Glenn Greenwald, seu marido, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), e o ex-deputado Jean Wyllys.

No post em que publica o conteúdo do bilhete recebido do anônimo, Regina Duarte endossa o proposto e afirma, de forma clara, ser a favor de que analfabetos ou pessoas que não tenham o fundamental completo não sejam obrigados a votar, como uma forma de não eleger políticos mais ligados à esquerda, como integrantes do PT, e o próprio Jean Wyllys, que chega a ser citado nominalmente no bilhete.

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“Por gentileza veja minhas sugestões. 1) PL (Projeto de Lei) para tornar opcional voto de: analfabeto e de quem tem o fundamental incompleto. Opcional porque se proibir o PT vai contra (salientou o autor do texto). Só assim evitaremos os ‘tiriricas’, os ‘popós’, as ‘Maria do Rosário’, e pior, os ‘Jean Willis’ (o nome do ex-BBB foi escrito de forma incorreta pelo autor da proposta) e David Miranda (marido de Glenn Greenwald) que estão fazendo isso contra Sergio Moro e nosso presidente (Jair Bolsonaro).
2) Proibir voto de preso (com certeza votará em bandidos). 3) Uma emenda para jogar para abril ou maio, o injusto IPVA. Motivo: Acúmulo nos três primeiros meses das dívidas natalinas, IPTU, matrícula e material escolar (fora dívidas pessoais). Obrigado, se puder retornar com sua atenção”, disse a pessoa que entregou o bilhete à Regina Duarte.

Nos comentários, a atriz da TV Globo acabou ganhando o apoio da maioria absoluta de seus seguidores, composto por eleitores de Jair Bolsonaro, mas também recebeu críticas de outras pessoas, que mesmo se dizendo fãs de seu trabalho, não concordam com o exposto endossado por Regina Duarte, e apontaram elitismo e preconceito da artista.

“Que triste ler isto vindo de uma atriz, ser que admiro o talento. Alguém que se debruça ao teatro, a literatura deve defender políticas públicas para melhorar a educação e letrar os analfabetos. Mais triste ainda é ler os comentários quase sua totalidade sem posicionamento em pró de uma política de letramento, de melhorias para a educação. Ou seja, excluir os analfabetos como se fossem eles os culpados por todas as mazelas da política brasileira e excluí-los do processo eleitoral resolvesse todos os nossos problemas. Isso mostra o quanto o analfabetismo político imprimi sua marca na maioria da população. Que lamentável”, afirmou uma seguida de Regina Duarte.

“O pagamento de impostos e tributos também será opcional para analfabetos e para quem só tem o ensino fundamental incompleto? Esse bilhete é primeiramente preconceituoso e depois arrogante”, afirmou outra internauta. “Analfabetos e pessoas que não estudaram também são cidadãos e têm direito ao voto. Isso insinua que são menos capazes só porque não foram à escola. Parem com isso, pelo amor…”, ponderou outro. “Bom dia. Quanto ao bilhete, mostra o desconhecimento total da lei eleitoral da população. Em 1°lugar: o voto é facultativo para analfabetos ( art. 14, CF e CE, arts. 42 e segs). E em 2° lugar: o preso com a sentença transitada em julgado, ou seja, que não cabe mais recursos, NÃO VOTA, seus direitos políticos ficam SUSPENSOS enquanto durar a condenação. Os presos que votam são os temporários, que ainda não tiveram a sua condenação. Obrigada”, escreveu mais uma seguidora de Regina Duarte.

https://www.instagram.com/p/BzdFbD0Hbu0/

Analfabetismo

De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil tinha mais de 7% de analfabetos em 2016, o que representava uma população acima de 11 milhões de pessoas – esse cenário mudou pouco em 2018.

Quando comparado por raça, os dados apontam para uma discrepância entre a educação de brancos e negros, o que pode ser explicado, segundo o estudo, pelo fato de haver mais negros vivendo em áreas carentes do Brasil. “A pesquisa mostrou que o país continua com dificuldade de garantir educação para as camadas mais pobres da população”, afirmou a pesquisadora do IBGE Helena Oliveira.

“A desigualdade social produz também a desigualdade da educação”, explicou ao jornal Folha de S.Paulo a professora da Faculdade de Educação da USP, Sônia Krupa.

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Em tempo – É oportuno ressaltar que no Brasil, de acordo com a Constituição Federal de 1988, o voto é obrigatório para todo cidadão, nato ou naturalizado, alfabetizado, com idade entre 18 e 70 anos. Os presos provisórios e os adolescentes internados, desde que tenham tirado o título de eleitor e estejam em dia com a Justiça Eleitoral também têm o direito de votar, por não estarem com os direitos políticos suspensos (inciso III do artigo 15 da Constituição Federal).

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