Na última sexta-feira (24), a série Malu Mulher, estrelada por Regina Duarte, completou 40 anos de sua estreia na Globo. E em meio a data comemorativa, o diretor e criador da trama, Daniel Filho, concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo para falar da obra.
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Série feminista, Malu Mulher foi considerada um marco na Globo, por ter ido ao ar em uma época de censura imposta pela ditadura militar, mesmo tratando de temas polêmicos e considerados tabus como sexo, separação, aborto, violência doméstica e a emancipação feminina na sociedade brasileira.
Conforme informamos, na entrevista ao jornal, Daniel Filho falou sobre o motivo de ter escolhido Regina Duarte para o papel, ela que era sua esposa na época. “A escolha de Regina Duarte era muito importante para mim. Como ela era tão querida como a menina, a namoradinha da novela das oito, eu queria colocá-la como uma desquitada, tomando porrada do marido. Isso ia tocar direito nas pessoas. Briguei bastante para que ela fizesse o papel”, disse.
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Regina Duarte é uma das poucas atrizes que manifestam publicamente o seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Daniel, no entanto, foi categórico ao afirmar que Malu Mulher, sua personagem feminista, não votaria no presidente. O diretor ainda afirmou que Regina era “de esquerda”, e questionou o seu apoio a Bolsonaro: “Simplesmente não entendo. Compreendo que não tem o porquê de as pessoas serem firmes para sempre, mas não entendo essa mudança dela para a direita, assim dessa forma. Ela era de esquerda mesmo, eu continuo [sendo de esquerda]”.
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Porém, em entrevista ao Conversa com Bial, exibida na noite de ontem (29), Regina Duarte falou abertamente sobre suas preferências políticas. Ela criticou a falta de tolerância ao declarar apoio a Bolsonaro, e “rebateu” Daniel Filho, afirmando que sempre foi conservadora.
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“Embora tenha tido atitudes de vanguarda, sempre fui e continuo conservadora. Em 2002, fui chamada de terrorista. Hoje sou chamada de fascista. Olha que intolerância! E eu achando que estava vivendo em uma democracia, onde tenho direito de pensar de acordo com o quero. Onde respeito quem pensa diferente de mim, não xingo ninguém”, disparou.
Regina Duarte ainda surpreendeu ao revelar que mesmo na pele de uma personagem considerada transgressora e revolucionária por sua ideologia na época, não concordava com seu posicionamento. “Eu nunca me declarei feminista, mesmo fazendo Malu. Eu achava que não era por aí, que tinha caminhos intermediários, que tinha que negociar mais, que não podia se afastar do homem”, afirmou.
“Eu estava achando ela muito chata, muito autoritária, muito dona da verdade, muito feminista. Aquilo que eu nunca quis ser”, completou.