Revoltados, atores armam protestos contra medida que pode extinguir o registro obrigatório dos artistas
07/04/2018 às 16h49
Revoltados com a possibilidade da extinção do DRT, o registro que regulamenta a profissão de artista, muitos atores marcaram um manifesto nesta segunda-feira, dia 9, às 20h, no Teatro XP, no Leblon, zona sul do Rio.
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A ação que será julgada no dia 26 no STF (Supremo Tribunal Federal). Em São Paulo, o ato dos artistas contra a tal votação acontece na Funarte às 19h.
Paulo Betti estará na manifestação do Rio e confessou: “Se você pensar que a carteira que a Fernanda Montenegro tinha era a mesma do serviço de ‘diversões públicas’, que era a mesma carteira das prostitutas, você imagina que é um retrocesso. Quem é contra diz que é elitista exigir um diploma. Sim, mas se você comprovar três ou quatro peças que fez no teatro amador, tem alguns sindicatos que têm uma banca que faz uma avaliação para ver se a pessoa tem talento”.
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Betti acrescentou: “Eles querem revisar a lei porque dizem que não é democrático exigir que o artista precisa ter essas qualificações como um diploma da escola de teatro ou de nível superior. A nossa profissão dos artistas serve pro palhaço do circo, pro atirador de facas, para técnicos, iluminadores, sonoplastas”.
E disse mais: “Acho que é um retrocesso, consideramos importante que a nossa profissão seja regulamentada, reconhecida e que existam critérios para a pessoa poder exercê-la. Há um movimento econômico muito grande relacionado a nossa profissão. Teatro, televisão, cinema, quantas atividades envolvem a classe artística e quando dinheiro ela faz girar? É um fator econômico forte e acho que nós seríamos enfraquecidos nas relações de trabalho se a gente não tiver uma profissão regulamentada”.
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Apoiadora do movimento, Drica Moraes se manifestou em suas redes sociais: “É o desmantelamento de um trabalho de classe construído a duras penas ao longo de anos! Os artistas perdem suas proteções trabalhistas e o público rompe um código de confiança com a arte. Entenda, o indivíduo não precisa acessar escolas caras para ser artista reconhecido. Ele precisa de continuidade dos seus estudos técnicos profissionais e de apresentações públicas contínuas e reconhecidas”.
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E acrescentou: “Eu mesma, vim do teatro amador. Como eu existiram vários artistas. Grande Othelo talvez seja um de nossos melhores exemplos de notório saber. Isto não tem nada a ver com o reconhecimento de nossa profissão junto ao Ministério do trabalho. Vamos lutar contra essa ação!”.
Murilo Benício, Malu Mader, Débora Falabella, Mateus Solano, Drica Moares e Cissa Guimarães foram alguns nomes que também apoiam a causa.
A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 293 foi colocada em pauta em 2013 pela então ministra Carmem Lúcia, que hoje é a presidente Tribunal. Na época, ela alegou que “tais dispositivos são flagrantemente incompatíveis com a liberdade de expressão da atividade artística, com a liberdade profissional e com o pleno exercício dos direitos culturais previstos na Constituição Federal”.
De acordo com uma publicação do STF, a decisão dos ministros poderá “acabar com a obrigatoriedade de diploma ou certificado de capacitação para o exercício das profissões de artista e técnico em espetáculos de diversões”.