Rivais das principais marcas como Riachuelo e até da Zara passam por cenário crítico e uma delas já deu até o seu adeus final após crise
De 2022 para cá, uma série de acontecimentos envolvendo grandes varejistas, como fechamento de lojas, encerramento de serviços e até mesmo desfechos mais trágicos, como os terríveis casos de falências que causam espanto no mercado como um todo.
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Inclusive, essa onda crítica anda abalando até mesmos as gigantes mais amadas dos shoppings em todo o país. Vale dizer que muitas ainda passam pela “tormenta” em meio à luta para sobreviver e fugir da tão temida falência, enquanto outras todas acabam tendo um desfecho amargo, entrando nas estatísticas de quebras.
Sendo assim, separamos 3 casos envolvendo 2 recuperações e uma falência devastadora, cuja qual deixou o Brasil em choque com a notícia na época:
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- M. Officer: A M. Officer entrou em recuperação judicial ainda em setembro de 2023, após a Justiça de São Paulo aceitar o pedido feito pelo grupo M5, proprietário da marca.
- Forever 21: A Forever 21, rede de fast fashion americana, fechou todas as suas 15 lojas no Brasil em meados de junho de 2022 e acabou tendo sua falência decretada no país após uma série de crises.
- Sidewalk: Uma das lojas mais famosas dos shoppings, há pouco tempo também pediu pela sua recuperação judicial após não conseguir se recuperar 100% dos destroços deixados pela Covid 19
Sendo assim, veja abaixo todos os detalhes de cada um desses casos e como as que estão sobrevivendo conseguem remar nesse “maremoto” causado pela crise no varejo em geral:
1- M.Officer- Rival da Riachuelo:
Em 2023, o grupo empresarial que detém a marca de roupas M.Officer, criada pelo estilista Carlos Miele no ano de 1997, teve o pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça de São Paulo, no dia 06 de setembro daquele ano.
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Vale destacar que a mesma se destaca nos shoppings e acaba rivalizando com fast fashions como a Riachuelo, uma vez que a mesma comercializa moda casual e Jeans como a queridinha e os preços são bem compatíveis entre as duas.
As dívidas da empresa estavam na casa dos R$ 53,5 milhões, segundo valores apresentados pelos advogados da empresa, representada pelo escritório de advocacia Thomaz Bastos, Waisberg, Kurzweil Advogados.
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Em declaração feita à Justiça, a empresa alegou ter 12 lojas físicas, distribuídas em três Estados do Brasil, que geram cerca de 130 empregos diretos e centenas de empregos indiretos.
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Em média, são produzidas 200 mil peças de vestuário, com produção 100% nacional. Além da venda das peças nas lojas, a empresa também vende pelo e-commerce.
De acordo com o portal InfoMoney, o principal motivo da dívida, segundo a empresa, foi a queda das vendas em 91% durante a pandemia da covid-19. Como muitos sabem, a crise sanitária de fato agravou situação financeira de várias empresas e a M.Officer não foi uma excessão.
Ainda conforme o que foi declarado por ela na época a situação já estava delicada, fruto, dentre outros motivos, de aspectos concorrenciais, primordialmente decorrentes da entrada dos gigantes players asiáticos no cenário nacional, conforme afirmado pela mesma.
Segundo ela, na época a concorrência vendia produtos “sem contratar funcionários brasileiros, tampouco estar sujeitos ao recolhimento de todos os tributos”.
A M.Officer também alegou problemas na obtenção de crédito com bancos. Com base nesses argumentos, a juíza Maria Rita Rebello Pinho Dias, da 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), aceitou o pedido de recuperação judicial da empresa, enviado no ainda no dia 5 de setembro.
Ela nomeou como administrador judicial Adnan Abdel Kader Salem Advogados Associados e determinou o envio de um relatório em 15 dias, para apurar a situação financeira da empresa.
Segundo o portal Poder 360 a mesma permanece em recuperação judicial mas ainda possuí algumas lojas abertas. Atualmente ela tem 7 lojas em São Paulo, 1 em Brasília, 1 em Salvador e 3 franquias espalhadas pelo Mato Grosso e interior de São Paulo, conforme exposto pelo próprio site da empresa.
- Importância da M.Officer: A M.Officer se tornou referência em jeanswear no país e foi eleita duas vezes a melhor empresa do ano do setor têxtil na seleção da “Maiores e Melhores”, realizada pela Revista Exame, além de ter sido a mais lembrada pelo público feminino brasileiro e a única brasileira a superar a presença de renomadas empresas.
2- Forever 21:
Em meados de junho de 2022, milhares de brasileiros, principalmente jovens da Geração Y e Z, choraram com o fim de uma das marcas mais icônicas do fast fashion, presente na maioria dos shoppings brasileiros.
Estamos falando da inesquecível Forever 21, nascida ainda na década de 80 na Califórnia, Estados Unidos, mas que desembarcou por aqui somente em 2014 e teve um verdadeiro BOOM quase que imediato. Por ter uma pegada mais fashion e muitas vezes conceitual, uma das suas maiores rivais dos shoppings era a espanhola Zara.
Uma das suas maiores coqueluches eram os vestidinhos estilo Boho chic e suas peças em moda alternativa (alt*), o que acabava atraindo ainda mais os jovens pertencentes das mais diversas tribos urbanas e essências.
(Alt Fashion é a moda que se diferencia da moda comercial convencional. Inclui estilos que não estão em conformidade com a moda dominante de sua época e estilos de subculturas específicas como góticos, punks, etc)
Após o auge o sucesso, a marca acabou amargando seu fim de forma bem avassaladora e notícia caiu como uma verdadeira bomba para esses mesmos consumidores que se questionavam sobre o que poderia ter acontecido para essa queda brusca.
Conforme publicado no portal Estadão, após quase 10 anos de existência, mais precisamente 8 anos de operação no Brasil, a Forever 21 chegou a promover uma mega liquidação para marcar o fim definitivo das suas atividades.
Ela que já estava em meio a uma recuperação judicial nos EUA, pelo famoso capítulo 11, ainda respondia alguns processos por aqui. No ano de 2020, a Authentic Brands Group (ABG), empresa de desenvolvimento de marcas, adquiriu 37,5% da Forever 21.
Na mesma operação, a Brookfield Property Partners levou 25% da propriedade intelectual e dos negócios em atividade.
A informação do encerramento das operações foi confirmada pela Associação Brasileira de Shopping (Alshop) e por funcionários de uma loja em São Paulo. Ainda de acordo com Estadão, os mesmos alegaram na época que estavam passando por situação delicada.
Mas mesmo com a falência, a rede ainda conseguia sobreviver e manter o controle e a posse das 800 lojas espalhadas entre, Estados Unidos, Ásia , Europa e America Latina, durante o processo de reestruturação, graças à Lei de Falências americana. Infelizmente não demorou muito para que toda essa crise financeira que a marca vivenciava começasse a respingar nas lojas espalhadas pelo Brasil.
Segundo o portal Seu Dinheiro, gradualmente, as inúmeras lojas da Forever 21 daqui começaram a virar alvo de ações judiciais por conta dos atrasos em aluguéis, principalmente nos shoppings localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Com isso, a Forever 21 teve que fechar 11 lojas em janeiro só no ano de 2021 e, como mencionamos, no mês de junho de 2022 a marca já se preparava pro adeus definitivo fechando todas unidades que restavam.
Segundo o portal Folha Pê, um dos fatores que mais contribuíram para esse desfecho foram os altos impostos daqui, além dos custos de importação e infraestrutura que acabavam elevando o preço final das roupas.
Tudo isso fez com que o público “perdesse o interesse” na marca e a situação agravou ainda mais durante a pandemia. Também não podemos desconsiderar, que grande parte do colapso sofrido pela Forever 21, teve uma contribuição significativa do avanço da concorrência online.
Os preços baixos praticados na internet e a facilidade em se comprar sem sair de casa atraí sobretudo a parcela mais jovem da população, cuja qual era justamente o público-alvo da rede de varejo, o que ganhou ainda mais força durante a pandemia.
Porém, de acordo com o portal O Globo, essas questões delicadas não eram tão recentes. Isso porque, a marca, já estava enfrentando problemas desde que embarcou em uma estratégia de negócios baseada no lema “a dívida de hoje é o lucro de amanhã”.
Na prática, a companhia já possuía mais dívidas em investimentos para que a mesma conseguisse uma rápida e grande expansão mundial, estratégia que inclusive abarcou as lojas abertas do Brasil a partir do ano de 2017.
Ocorre que o pagamento dessa dívida era para ter ocorrido de forma muito mais rápida do que realmente foi. No meio do ano de 2019 , o mercado estimava um débito de mais de US$ 500 milhões da Forever com um prazo de 3 anos de vencimento.
Sem conseguir o retorno esperado em vendas com as novas lojas abertas, restou à diretoria a adoção de um plano de desinvestimentos e alongamento de dívida que, acabou não obtendo grandes resultados. Vale dizer que na época, a Forever 21 publicou em seu Instagram oficial sobre a grande liquidação que faria e afirmou que a mesma duraria somente até durarem os estoque nas lojas localizadas no:
- Shopping Bourbon
- Shopping Guarulhos;
- Outlet Catarina, em São Paulo;
- Cidade de Londrina (PR);
- Cidade de Recife (PE).
Ao procurar notas oficiais da marca falando exatamente sobre essa despedida as mesmas não foram encontradas, porém o espaço permanece sempre aberto para que ela exponha a sua versão dos fatos.
Juntando forças com a Shein
Segundo apurações do TV Foco, ao procurar o perfil oficial da marca no Instagram, foi constatado que, de fato, não existem mais nenhuma atividade em solo brasileiro e todas as publicações, até então, foram deletadas.
Mas você ainda consegue comprar algumas peças da marca de segunda mão por aqui, ou através do e-commerce da SHEIN, marca chinesa que tem dominado cada vez mais quando falamos em compras pela internet. Inclusive a parceria da Forever 21 com a SHEIN pode ser interpretada como uma espécie de catalisador para o processo de digitalização da fast fashion estadunidense.
De acordo com o portal Elle, a varejista chinesa tem cerca de 150 milhões de usuários. Em meados de agosto de 2023, por meio de um comunicado enviado à imprensa, os diretores da Sparc Holdings, Jamie Salter e David Simon, alegaram estar felizes com o contrato com a Shein. Mesmo porque, estamos falando da principal plataforma de moda on-line do mundo.
Vale dizer que apesar de ter se despedido do Brasil, a Forever 21 ainda tem 414 lojas nos EUA e mais 146 em outros países, com venda anual acima de 12,7 bilhões de dólares.
Resumidamente, para a SHEIN , a joint-venture funciona como uma porta de entrada privilegiada para o varejo físico no mercado estadunidense.
- Importância da Forever21: Como mencionamos a marca possuía grande importância e presença nos nossos principais shoppings, com um público fiel, ela conquistou o coração dos mesmos com as suas peças ousadas e com acabamento de primeira.
3- SideWalk:
A Sidewalk é uma conceituada loja de roupas voltada ao público masculino e feminino, cuja identidade está no jeito urbano e ao mesmo tempo aventureiro de ser. Fundado ainda no ano de 1982, o Grupo Sidewalk é composto também pelas companhias Canroo e Multside.
De acordo com o portal MSN, ela está sendo aterrorizada pelo risco de falência e acabou pedindo socorro ao dar entrada na sua recuperação judicial no último dia 05 de agosto de 2024, a fim de sanar suas dívidas, que já estão na casa dos R$ 25,5 milhões.
Segundo o grupo, além da crise causada pela pandemia da COVID-19, os altos preços dos aluguéis cobrados pelos shoppings e as mudanças climáticas foram os principais fatores que a levaram à crise da rede, uma vez que suas peças tem como foco principal os dias mais frios do inverno.
O processo está correndo pela 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo (SP). De acordo com apurações feitas pelo Estadão/Broadcast, o grupo tentou negociar com credores uma recuperação extrajudicial, mas que não foi possível chegar a um acordo:
“Existiram tentativas de negociação, mas o perfil dos credores nas negociações acabou inviabilizando a tentativa de seguirem um projeto de recuperação extrajudicial” – Conforme dito por uma fonte exclusiva do Estadão Broadcast.
Em meio a detalhes da petição inicial, foi apontado que nos últimos 12 meses, houve uma queda de 15% nas vendas da SideWalk, que como mencionamos acima “dependem das temperaturas frias”. Isso sem falar no também mencionado por aqui aumento do consumo via marketplaces, cujos quais ajudaram a dificultar a saúde da empresa, conforme dito pelo próprio grupo.
Esse processo de recuperação judicial envolve 21 unidades, além de outras 12 em fase de fechamento. A marca ainda conta ainda com 20 franquias que não integram o processo. Ao procurar uma declaração mais explícita da marca sobre esse fato, a mesma não foi encontrada. Lembrando que o espaço permanece aberto caso assim lhe for conveniente dar a sua versão dos fatos.
- Importância da SideWalk: Como mencionamos a marca nasceu no período eletrizante da década de 80, mais precisamente em 1982, após 3 amigos se juntarem em uma ideia em comum. Luis Gelpi, Eduardo Rizk e Tinho Azambuja resolveram fundar a SideWalk com um DNA repleto de originalidade e irreverência. Ideal para quem tem vida urbana mas nao deixa de lado a conexão com a natureza.
Quais são os credores da SideWalk?
Ainda de acordo com o portal, para a Justiça, o grupo pediu pela antecipação do stay period, ou seja, a antecipação da proteção contra credores, até que o pedido seja aceito pelo juiz. Além disso, foi solicitado a manutenção dos serviços essenciais de internet, luz e telefonia.
Entre os fornecedores com quem a empresa tem débitos em aberto, o grupo cita Claro, Telefônica Brasil (dona da Vivo), America Net, Vogel, Terra, Telesp, Eletropaulo e Linx.
Considerações finais:
O que temos observado em meio a esses exemplos, dentre tantos outros, é que o varejo está enfrentando um dos piores momentos. Apesar da pandemia ter tido sim, suas consequências desastrosas, outros fatores ajudam nas eventuais quebras e quedas de vendas.
As mudanças nos hábitos de consumo e o excesso de concorrência no varejo brasileiro também representam um obstáculo para as grandes varejistas, como as mencionadas acima. Sendo assim, a busca pelo entendimento dos desejos e anseios do público alvo, atrelado ao que é possível e palpável de fazer para fugir da crise, é uma forma de se inovar e driblar dificuldades.