Varejista GIGANTESCA, rival de marcas como Renner e C&A passa por momento conturbado após crise e agora tenta sobreviver em meio ao caos
E em meados de março de 2023, uma forte varejista, rival da Renner e C&A, teve seu pedido de recuperação judicial atendido após se afundar em dívidas e enfrentar cenário adverso.
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Estamos falando da rede Amaro, fundada em 2012, cujo segmento é o fast fashion, oferecendo o que há de melhor em vários fragmentos da moda, do casual ao chic, bem similar às rivais citadas.
De acordo com o portal Forbes, ela entrou com tal pedido de recuperação judicial no dia 28 de março deste ano e, desde então, ela corre contra o tempo para fugir da tão temida falência.
Vale dizer que o mesmo foi protocolado um pouco antes, no dia 22 de março, pela 3º Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo.
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Dívidas
Vale dizer que a mesma está com uma dívida milionária que chega a R$ 244,6 milhões. O pedido de recuperação foi a última alternativa, visto que ela passou por diversas tentativas de buscar investimentos externos e renegociar linhas de crédito.
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No processo, a empresa disse possuir uma dívida líquida de R$ 151,7 milhões em obrigações bancárias e ter R$ 93 milhões em débito com os fornecedores:
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Com o aval da justiça, a empresa recebeu a aprovação do plano por créditos que representam 41,63% da soma em aberto, percentual que equivale a R$ 101,8 milhões em dívidas.
O que causou essa situação da Amaro?
Ainda de acordo com a Forbes, a Amaro alega no pedido que o setor de varejo, em geral, vem sofrendo com a alta da taxa de juros e com a volatilidade do câmbio, o que gerou um aumento considerável de seu passivo nos últimos anos, de acordo com a empresa.
Além disso, a marca reforçou que o setor atravessa uma queda de vendas e sofre com a alta da inflação, que teve efeito na operação como um todo.
Em um comunicado oficial da marca, a Amaro afirmou que tem como objetivo preservar sua liquidez e adequar a sua estrutura de capital para fortalecer a operação. Além disso, visa a manutenção do relacionamento com fornecedores e parceiros:
“A empresa reafirma ainda seu compromisso de continuar entregando um excelente nível de serviço pelo qual é reconhecida e mantém seu posicionamento como ecossistema de lifestyle no mercado premium, focado em moda, beleza e casa”, complementou a companhia.
O buraco é mais embaixo
Aparentemente, a da Amaro não foi a pandemia. De acordo com o Diário do Comércio, no ano de 2021, a Amaro teve um crescimento de 50% no faturamento total.
E pouco mais de um ano depois, anunciou negociações com potenciais investidores para reforçar sua base de capital. Ou seja, a venda de parte de seus negócios.
Sob a justificativa de seguir crescendo pelo país, a Amaro migrou para o modelo de marketplace, expandiu sua área logística, mas, pouco tempo depois, a demanda esfriou e a operação seguiu grande e cara diante de um cenário de juros altos.
Guilherme De Cara, sócio consultor da Cherto Consultoria, não acredita que a entrada da marca em shopping center tenha comprometido a operação, vale dizer que a Amaro conta hoje com 20 lojas físicas espalhadas pelo Brasil.
Relembrando os números da Amaro de 2021, De Cara acredita que talvez a marca tenha apostado muito nesse crescimento digital, realizando grandes investimentos nessa área. Isso exigiu muito endividamento e, agora, a economia não está ajudando:
“O que se viu com o término da pandemia foi que o on-line tem seu valor, mas com crescimento regular. O problema real atual é um cenário de juros com restrição de consumo dificultando as operações”
Adriano Gomes, professor da ESPM e sócio-diretor da Methóde Consultoria, esclarece que a mudança do digital para o físico traz custos adicionais, sendo o maior de capital de giro.
Muito embora a estratégia da Amaro fosse a tangibilidade de seus produtos, a aritmética pode ter falado mais alto, segundo Gomes:
“Num possível paralelo com o que vem acontecendo com outros nomes, como Americanas, Tok&Stok e Marisa, o especialista diz que há uma crise posta que é do modelo de negócio do varejo tradicional. Todavia, o caso Amaro demonstra um nível de transparência e respeito aos credores de forma bem distinta dos demais casos”
A questão é que a Amaro chegou na situação atual arrastada por uma cadeia de eventos que envolveu pesados investimentos no digital que acabaram descolados do crescimento aquém do esperado da demanda on-line.
Com as contas estranguladas, a marca buscou investidores, mas suas ações na Bolsa foram consideradas em valor elevado, o que repeliu compradores.
Nesse processo, restou à empresa reduzir os gastos, priorizando despesas operacionais essenciais, o que fez crescer as dívidas com fornecedores e com o sistema financeiro.