Muita gente sonha em participar de programas musicais como o “The Voice Brasil” para ganharem fama e notoriedade em todo o país. No entanto, nenhum deles se torna um grande nome na música, assim como os músicos que passaram pelos demais programas do gênero aqui no país não chegaram a se tornar.
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Tirando algumas exceções, todos eles acabam caindo no esquecimento dos telespectadores. A explicação para isso, de acordo com o colunista Igor Miranda, da Revista Cifras, está em algumas observações feitas por ele, que analisou o reality da Globo e chegou à algumas conclusões. Você as confere a seguir:
1) A primeira razão é sintomática para qualquer tipo de reality show: as pessoas estão à procura de malabaristas vocais, não de cantores. Um cantor deve empregar sentimento em sua performance. Não deve desafinar, mas a prioridade tem que ser para o feeling da interpretação. Em programas de calouros, nem sempre é possível que esse sentimento seja empregado por alguns motivos. O primeiro é o mais claro: os cantores querem impressionar.
É claro. O público e os avaliadores também querem ser impressionados. Para isso, não necessariamente você precisa de emoção, mas de firulas. É mais ou menos o que também difere um guitarrista técnico de um bom guitarrista: o técnico se exibe e se destaca, mas o bom é o que fica. O bom usa o seu feeling. Nem sempre pode ser compreendido de início, mas demonstra algo genuíno que se perpetua mais facilmente.
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2) A função de um reality show musical não é revelar novos artistas. Essa é a maior balela da história do entretenimento, e minha frase já justifica o motivo de não procurarem novos artistas: as pessoas querem se entreter com esses programas. Nenhum reality quer colocar ninguém em um auge eterno, e serve para os musicais.
É por conta da busca pelo entretenimento que os cantores “malabaristas” se destacam, deixando para trás os que têm feeling. Justamente porque aqueles que priorizam feeling, podem deixar o público entediado em uma transmissão dessas. O que importa é o exagero.
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3) Uma razão exclusivamente brasileira: cantores altamente técnicos, exuberantes e, principalmente, exibidos, não faz parte da tradição musical nacional. A MPB, a bossa nova, o samba e a música sertaneja (todos esses gêneros em suas raízes TRADICIONAIS, desconsiderando variações contemporâneas e popularescas) nunca tiveram cantores como Aretha Franklin. Isso é coisa para estadunidense.
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4) A interpretação nem sempre é de senso comum entre produção e cantor. O The Voice é o caso mais aparente disso: muitas canções que foram utilizadas pelos cantores ao longo do programa são ideias reaproveitadas de edições do exterior. Quando não são escolhas reaproveitadas, são músicas escolhidas para fazer os candidatos gritarem. Muitas vezes a opinião do cantor nem é levada em consideração sobre qual canção deve ser utilizada em sua performance. Ninguém que está contrariado, imprime muito sentimento no que faz. Ou seja… berros.
5) Muitos desses cantores malabaristas não se preocuparam em desenvolver uma atividade importantíssima na música: a composição. Ninguém melhor do que o próprio músico para saber o que ficaria legal em sua voz e qual a mensagem ele deve passar, seja em sua interpretação, em sua letra ou em seu arranjo. Não digo que esses vocalistas devem ser multi-instrumentistas. Mas a história revela que grande parte dos nomes mais rentáveis e perpetuados da história da música também interferiam no processo criativo. Os que não precisaram interferir, reservaram-se desse direito por serem excepcionais: coisa que não acontece com calouros desses programas, que precisam do entretenimento televisionado para se destacarem.