Saiba porque Por Amor é “vinte anos” melhor do que O Sétimo Guardião na Globo
17/05/2019 às 20h45
Por Amor reestreou na Globo há poucas semanas e já vem causando burburinhos nas redes sociais e alavancando a audiência da emissora para o início do horário nobre, ao contrário de O Sétimo Guardião.
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Originariamente exibida entre 1997 e 1998, Por Amor escrita por Manoel Carlos fez um grande sucesso logo nos primeiros capítulos. O autor usou o que há de melhor em suas histórias, misturar “dramalhões” (necessários para qualquer novela) com acontecimentos e conflitos corriqueiros do dia-dia. O conflito maior da trama (a troca dos bebês) aparece mesmo da metade para o fim da novela, outra característica do autor, que já escreveu outros sucessos na Globo como, Laços de Família e Mulheres Apaixonadas.
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Mas o que chama mesmo a atenção da novela de Manoel Carlos são o roteiro e as falas de seus personagens que se tornaram atemporais. Nessa trama “das oito”, da Globo, como era chamada na época, o autor usava os melhores conflitos como: a briga entre classes sociais, retratada na trama de Nando e Milena (Eduardo Moscovis e Carolina Ferraz) em que a megera Branca faz de tudo para separar o casal. Também temos o alcoolismo na história do personagem Orestes, interpretado por Paulo José, e o racismo e até relacionamento gay. Um prato cheio para um folhetim que tem que se sustentar por quase seis meses no ar. Não é uma tarefa fácil.
Na trama de O Sétimo Guardião, a história com tons de realismo fantástico, também encontramos alguns desses temas, ou equivalentes como: violência doméstica, alcoolismo e transexualidade. A diferença entre as duas realmente fica a cargo de como as histórias foram apresentadas e contadas. Nesse caso não houve sutileza no desenrolar da história, além de um tom arrogância no perfil de todos os personagens. Até o Padre.
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Por se tratar de uma obra aberta, novela é nunca é um produto fácil. Mas como a Globo é uma indústria de folhetins, existem sempre “remédios” para se “concertar” um trabalho que não traz bons resultados. Foi assim em O Outro Lado do Paraíso, onde Walcyr Carrasco teve que rescrever alguns capítulos, para colocar a trama nos trilhos. E entrou.
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Com o Sétimo Guardião não foi possível, a trama não estava bem estruturada, os personagens não foram apresentados aos poucos, apenas “despejados” no horário das nove. Tanto que não tivemos bordões explorados, repetido nas ruas ou memes divulgados nas redes sociais, coisa que a Globo adora.
Em 1998 a internet não era tão popular, no entanto, o personagem de Gabriela Duarte foi bastante rejeitado pelo público e acabou ganhando uma das primeiras paginas de internet construída por um fã de novela que tinha como nome: “Eu Odeio a Eduarda” (personagem da atriz). Mas, Manoel Carlos soube contornar a história e deixou a personagem menos irritante no decorrer dos capítulos da novela.
Em O Sétimo Guardião, não teve jeito, personagens chatos, continuaram chatos até o fim como: Nicolau, interpretado por Marcelo Serrado (que inclusive interpreta o médico que troca os bebês em Por Amor) e Laura da atriz Yanna Lavigne. Até Lilia Cabral aparentava um pouco desconfortável em algumas cenas.
As épocas de Por Amor e O Sétimo Guardião são bem distintas, o mundo mudou bastante de 1998 para cá, mas a histórias de novelas precisam no mínimo fazer algum sentido para o telespectador. Com um leque variado de opções como Netflix e TVs por assinatura, se os personagens não tiverem uma boa história para contar, fica fácil de se resolver o problema, troca-se as tradicionais novelas da Globo por algum seriado mais envolvente.
Autor(a):
Mozuka Braga
Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.