Silvio Santos está disposto a voltar a brigar pela liderança com a Record. A emissora do Bispo Macedo, que investiu todas as suas economias em 2004, em pouco mais de três anos, conseguiu se isolar na segunda colocação, que até então pertencia ao SBT.
Porém, o SBT não está nada satisfeito com isso e desde então, continua tentando assumir seu antigo posto, sem sucesso. Agora, a emissora pretende produzir novos programas, fazer novas contratações e pensar medidas inteligentes para conseguir esse feito.
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Uma dessas medidas seria contratar Marcelo Rezende e Luiz Bacci, dois maiores responsáveis pela audiência da Record no atual momento, dar um programa para a jornalista Rachel Shererazade e transformar o “Programa Silvio Santos” em uma atração ao vivo.
Mas, de acordo com a coluna de Ricardo Feltrin, da Folha de São Paulo, não basta só isso. Segundo especialistas em orçamento da área televisiva, que trabalham nas duas principais emissoras do país, Silvio Santos teria que gastar no mínimo R$ 200 milhões.
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E esse dinheiro não se refere apenas à contratação e pagamento de eventuais multas por profissionais de outras emissoras, além de novos salários nababescos. Isso é até fichinha. Há outros gastos muito mais pesados que isso, como falaremos a seguir.
Há pouco mais de dez anos, a Record estava a três pontos de distância do SBT, mas desde 2008, tem a vice-liderança isolada de ibope em todo o país, atrás só da Globo. Para virar esse placar custaria duas centenas de milhões de reais, no mínimo, por parte do SBT.
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Para que a contratação de Rezende e Bacci valesse a pena, Silvio teria de dar para ambos atrações diárias, como os que eles têm hoje Record. Porém, o SBT é, ao lado da RedeTV!, a emissora com menor número de equipes jornalísticas em São Paulo.
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Enquanto a Globo tem cerca de 50 equipes que podem ser acionadas a qualquer momento (câmera, repórter, técnico em áudio, produtor, motorista e até segurança) e a Record tem umas 40 equipes, o SBT não tem nem dez e teria de investir na compra de helicóptero(s).
Para quem não sabe, esse é um veículo fundamental para o jornalismo ao vivo, como há na Globo, Record e Band. Haveria ainda a construção de novos cenários, contratação de mais produtores, maquiadores, técnicos, câmeras, área comercial e gastos em publicidade.
No caso de dar um programa solo para Rachel Shererazade, a emissora teria de abrir espaço na grade para uma nova atração. Também contratar uma grande equipe para a âncora, já que muito jornalista lá dentro certamente se recusaria a trabalhar com ela.
Transformar o “Programa Silvio Santos” em atração ao vivo também dispensaria milhões de reais, além dos vários empecilhos, como trazer artistas de renome nacional, já que, nos finais de semana, os artistas têm sempre mais shows e estão menos disponíveis.
Agora, resta saber se Silvio Santos seria mesmo capaz de investir R$ 200 milhões para ganhar no máximo dois pontos a mais ibope, para tentar voltar à vice-liderança, ou vai continuar como está, com uma grade de baixo custo. Quem conhece Silvio, tem certeza que a segunda opção é a mais provável.
Outra coisa, será que um ponto vale R$ 200 MI? A Record, desde 2004, quando anunciou que seria a líder de audiência, gastou algo em torno de R$ 3 bilhões, no mínimo. Ela tem como cliente, a Igreja Universal, que paga até R$ 500 milhões por ano para ficar com as madrugadas da emissora.
No caso do SBT, sua “Universal” é o Grupo Silvio Santos (Tele Sena, Jequiti etc) —o principal anunciante da casa—, que não pode gastar mais do que já gasta. Para passar a Record ele teria de não só tirar duas estrelas da concorrente, como também ganhar mais dois pontos.
Vale lembrar que, após gastar bilhões em dez anos, de se tornar vice de ibope, tropeçar e voltar a se erguer, o clima na direção da Record é de extremo otimismo. Seu atual vice-presidente artístico, Marcelo Silva, conseguiu resolver os mais graves problemas da programação, como:
1) O início das tardes, onde emplacou o “Balanço Geral” com sucesso, primeiro com Geraldo Luís e agora com Luiz Bacci. O ibope aumentou;
2) Resolveu também os sábados à noite, com a contratação de Sabrina; uma vez que Mion já vai bem. As primeiras semanas da “japoneusa” já estão aprovadas;
3) O domingo matinal melhorou. Em vez de uma overdose de “Pica-Pau”, lançou o “Domingo Show” num horário em que a emissora, havia meses, estava carente. Fez teste com todo mundo, Galisteu, Cicarelli, dizem as boas línguas que até sondou Luciana Gimenez. Acabou resolvendo com prata da casa (Geraldo);
4) O domingo à tarde e o começo da noite, com a “Hora do Faro”. Foi uma aposta arriscada e muita gente achava que não daria certo, mas o talento e versatilidade de Faro estão dando trabalho para SBT e até para a Globo.
Porém, após “Pecado Mortal”, a Record não pode se dar ao luxo de cometer outro erro em novelas como ocorreu com “Máscaras” em 2012 —um fiasco tão grande de ibope que derrubou toda a faixa nobre da Record, o que permitiu ao SBT encostar de novo.