Série “Fevereiro em Chamas”: episódio 8 desvenda os responsáveis pelo incêndio no Edifício Joelma

Impunidade marca o 8º capítulo da série que marca os 50 anos de um dos maiores incêndios do país

Enquanto a série “Fevereiro em Chamas” se aprofunda na história dos trágicos incêndios que marcaram a cidade de São Paulo, o episódio 8 se destaca ao revelar os desdobramentos das investigações sobre o incêndio no Edifício Joelma, ocorrido em 1974. O jornalista Adriano Dolph, autor do livro homônimo, compartilhou informações cruciais sobre as causas do incêndio, apontando negligência e imperícia nas instalações elétricas do edifício.

No episódio 8, a série mergulha nas consequências imediatas do incêndio, quando vítimas ainda estavam hospitalizadas e familiares lidavam com a perda. As autoridades, por sua vez, empenhavam-se em compreender as causas da tragédia que destruiu um edifício recém-construído. As perguntas permaneciam: existia algum problema na parte elétrica? Houve explosão de um ar-condicionado? Inúmeros documentos foram solicitados para laudos periciais, revelando uma série de irregularidades na ocupação do edifício pelo Banco Crefisul.

Dolph relata que o incêndio teve origem no 12º andar, resultado de um curto-circuito em fios que alimentavam cinco aparelhos de ar-condicionado, acompanhado por ligações elétricas irregulares e materiais de qualidade inferior. O próximo passo era identificar os responsáveis pela negligência. Em junho de 1974, o processo chegou à 3ª Vara Criminal, com o indiciamento de seis pessoas pelos crimes de incêndio culposo, homicídio culposo e lesão corporal culposa.

Responsáveis Indicados

Os indiciados incluíam Walfrid Georg, diretor da Termoclima, o instalador Gilberto Nepomuceno, o projetista Ilton Osti, os eletricistas Sebastião da Silva Filho e Alvino Fernandes, além do engenheiro e gerente de instalações no grupo Crefisul, Kiril Petrov. Dolph detalha que a imperícia de Alvino e Sebastião foi evidente momentos antes do incêndio, quando, sem credenciamento adequado, alteraram a chave de alimentação elétrica, contribuindo para o curto-circuito fatal. Fios expostos nos rodapés e batentes das portas, assim como extensões improvisadas, também foram citados como causas do incêndio. A Termoclima, empresa contratada por Walfrid Georg, também foi apontada como responsável pelo incêndio. O juiz Gilberto Reis Freire aceitou a denúncia, tornando os seis acusados réus.

Impunidade

A decisão, proferida em 30 de abril de 1975, condenou Kiril Petrov a três anos de detenção, enquanto Sebastião, Alvino, Gilberto, Walfrid foram condenados a dois anos. Ilton Osti foi absolvido e Kiril Petrov apelou em liberdade, conseguindo reduzir a pena para dois anos e obtendo o benefício da suspensão da pena, assim como todos os réus.

Adriano Dolph ressalta a história de impunidade que permeou uma das maiores tragédias do Brasil. “Uma história de impunidade que marcou uma das maiores tragédias que o Brasil já conheceu”, afirma o jornalista, destacando a relevância da série e do livro em desenterrar os eventos que moldaram a cidade há 50 anos.

Série retrata relatos do livro Fevereiro em Chamas de Adriano Dolph – Divulgação

Incêndio no Edifício Joelma vai completar 50 anos

Impunidade marca episódio 8 de série documental

Capa do livro ‘Fevereiro em Chamas’, de Adriano Dolph

Além do livro, jornalista lançou pílulas sobre os fatos que contam a história dos incêndios nos edifícios

“Os donos do Banco Crefisul não se tornaram réus, apenas um gerente de instalações. Em relação ao poder público, seja por parte dos políticos que falharam miseravelmente ao não levar adiante o Coódigo de Obras, ou em relação aos membros do Executivo, afinal, o Corpo de Bombeiros estava mal aparelhado e não recebia as verbas a que tinha direito; que chegavam à Polícia Militar, mas não era redirecionada. Ninguém nestas esferas foi responsabilizado”, desabafa o jornalista.

Sobre o Autor

Adriano Dolph, jornalista com mais de vinte anos de experiência, dedicou-se incansavelmente à pesquisa e divulgação dos eventos que cercaram os incêndios nos Edifícios Joelma, Andraus e Grande Avenida. Seu compromisso em apresentar uma narrativa completa e esclarecedora continua a ser evidente na série “Fevereiro em Chamas”.