Filmado na Hungria, dirigido por canadense, “Os Borgias” transforma a profundidade da literatura em série
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O casal se encontrou às escondidas. O frio da noite na Roma do século XV envolveu o momento em mistério. Ela, para variar, uma princesa e ele, lógico, plebeu, e está feito o romance impossível, logo encerrado pela ação assassina do irmão. Enquanto se beijavam, a câmera os circundava, atiçando a curiosidade do telespectador, que neste momento procurava alguém espreitando o fundo sombrio da cena. Personagem e telespectador juntos, dentro do momento, como um filme de Hitchcock.
Para entrar na história temos que ser levados à ela, entender o personagem, o tornar nosso amigo íntimo, ato só permitido pelo tempo de convivência; coisa própria de minisséries. Chega o ponto em que detectamos a intenção do personagem pelo simples olhar, trejeito, forma de falar. Quando consegue nos envolver desta forma, nada melhor do que a entrega total ao fluxo da história. Deixar a equipe técnica, o roteirista e nossa sensibilidade navegarem em conspiração.
“Os Bórgias” consegue tal envolvimento, nos compromete com as falcatruas dos cléricos, impregna com o medo da invasão francesa ao centro católico do mundo. Sentimos o cheiro da miséria do povo, o gosto do banquete na cúria e o toque das prostitutas atiçam nossos desejos. Somos colocados dentro do seriado, enfeitiçados e agradecidos pela viagem no tempo.
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A série é uma obra prima. A riqueza de detalhes no cenário, a pesquisa histórica e nuances do roteiro levam a momentos equivalentes a grandes obras literárias. Os atores são camaleões e os técnicos transbordam senso de cena. Deixe-se envolver e mergulhe no sombrio mundo desta corrupta família geradora de 3 papas.
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Texto: Cleomar Santos
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