“Tá Ligado?”: você encara suas verdades?

O leitor sabe por que é normal as pessoas comentarem somente sobre a vida dos outros? Por que é mais fácil enxergar o erro que não é cometido pela pessoa. Para nos enxergarmos precisamos domar nosso ego, jogar longe a mania de grandeza e encarar a amargura de sermos falhos. Olhar o outro é muito mais fácil e nos afasta da responsabilidade de fazer algo para melhorar. Quando vemos um personagem que reconhece sua forma fatal de agir, percebe ter sido seu excesso de coragem o fator principal pela morte de quem o acompanha, não estamos diante de alguém normal, e por isso vira história. E vira reportagem.

Um filme que conta esta história, verídica, é “Lawrence da Arábia”. A longa duração para os padrões de hoje, quase quatro horas, é compensada pela lição de vida. Sua personalidade complexa, inteligência especial, o fez unir diversas tribos do deserto durante a Primeira Guerra Mundial.  Seu jeito manso de agir e a capacidade politica de aproximar egos incompatíveis, o fizeram herói. Foi erguido à deus, sendo seguido por pessoas de bem. Estas vieram a morrer, pois confiavam cegamente nele. E aí vem a prova de sua esperteza: percebendo ter sido a causa de tantas mortes, quer largar a frente de batalha, Lawrence pede um emprego normal para o exército. pretende dar um basta à vazão de sua coragem doentia.

Seu pedido é recusado pelo exército, vendo nele a “máquina” adequada para chegar a vitória. Segue o filme mostrando até onde pode ir a mente adoecida, e o quanto pode agir por interesse as altas patentes do governo. O filme começa com Lawrence pós guerra cometendo suicídio. Ciente de encontrar entendimento sobre seu estado somente em sua inteligência e coragem, encarou a própria verdade e a domou.

O filme pode ser encontrado no catálogo da Netflix ou em locadoras de vídeo.

Texto: Cleomar Santos