No episódio, uma jovem tirou a própria vida em frente às câmeras de um dos maiores programas do jornalismo brasileiro da emissora de Silvio Santos
No ano de 1993,o Brasil foi abalado pela transmissão do trágico suicídio de Daniele Alves Lopes, no programa Aqui Agora do SBT, apresentado por Ivo Morganti e Christina Rocha.
Naquela época, esse era o programa mais assistido da emissora, que geralmente, segundo o Ibope, alcançava 15 pontos na audiência.
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Tudo aconteceu no dia 05 de julho daquele ano, quando o jornalista Sérgio Freitas, recebeu uma ligação relatando sobre um caso quente que acabava de acontecer, no centro de São Paulo.
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O profissional da imprensa e o cinegrafista José Meraio chegaram ao local juntos com os socorristas e se depararam com uma triste situação. Daniele Alves Lopes estava ameaçando se jogar de uma altura de 25 metros, no sétimo andar do prédio.
No mesmo dia, durante a apresentação do jornal, às 20:30, a matéria onde a menina cometia suicídio era o destaque da edição. Durante 15 minutos, a jovem de 16 anos ficou sentada no parapeito do edifício ameaçado pular.
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“Ela pulou, ai meu Deus”, exclamou Sergio Freitas enquanto a câmera acompanhava a queda de Daniele até um forte estrondo acontecer, indicando que ela tocou o chão. A adolescente chegou a ser socorrida, mas acabou falecendo no caminho do hospital.
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O porteiro do local contou aos jornalistas que ligou para a polícia assim que percebeu o que a adolescente estava tentando fazer.
O que levou a jovem a fazer isso?
Vânia Maria Duarte de Oliveira, de 15 anos, explicou o contexto do suicídio, para os jornalistas da Folha de São Paulo, segundo ela, Daniele, que era sua amiga, estava sofrendo por conta de um amor não correspondido.
Ela contou que a fazia três anos que a jovem estava apaixonada pela mesma pessoa, mas o sentimento não era mútuo, por isso ela estava sofrendo muito.
Daniele era recepcionista em um hotel e não deixou nenhum bilhete antes do ocorrido. A transmissão do suicídio da adolescente no programa Aqui agora aumentou a audiência do programa em 33,5%, de acordo com o Ibope. A reportagem, que durou dez minutos, atingiu cerca de 800 mil domicílios.
Críticas
Depois do ocorrido muitas pessoas criticaram a postura do programa do SBT, eles foram acusados de sensacionalismo. Na ocasião, Maria Braga, professora da Escola de Comunicações da USP, por exemplo, diagnosticou o ocorrido em entrevista à Folha.
“O SBT misturou realidade com ficção”, disse ela. “Não sabemos se a menina se suicidou porque queria morrer ou porque iria sair na televisão”, para ela a emissora explorou a morbidade do ocorrido para atrair os expectadores.
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Diante da repercussão do caso o diretor de jornalismo do SBT, Marcos Wilson, se pronunciou sobre o ocorrido. “Tivemos preocupação de avisar o telespectador que as imagens eram fortes. Pedimos para as crianças não assistirem e mostramos que o suicídio nunca é a saída. A saída é a vida.”, declarou.
Dias depois, o diretor falou novamente sobre a transmissão do suicídio de Daniele e afirmou que a emissora não cometeu nenhum abuso e disse que “abuso teria sido reprisar as imagens em câmera lenta”.
Os pais de Daniele entraram com o processo contra o SBT e em setembro seguinte, a Folha de São Paulo anunciou que a emissora foi condenada a pagar o total de 15 mil salários mínimos (cerca de R$ 1,05 milhão) para a família Lopes por danos morais.