Último capítulo de Avenida Brasil mexeu com Dilma e Lula e quase causou apagão por audiência espantosa
28/09/2019 às 10h40
Próxima reprise do Vale a Pena Ver de Novo, Avenida Brasil foi um fenômeno de audiência e “marcou fim de uma era” das novelas da Globo
Na última semana, a Globo deixou os noveleiros alvoroçados ao definir o folhetim que substituirá Por Amor no Vale a Pena Ver de Novo. Após algumas especulações, que colocavam Êta Mundo Bom (2016) como favorita à vaga, a emissora carioca bateu o martelo e escolheu Avenida Brasil (2012) como sua próxima reprise.
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A decisão agitou o público pelo fato de Avenida Brasil não se tratar de uma novela qualquer. A trama foi um verdadeiro fenômeno de popularidade, com muitos chegando a considerar que a novela marcou o encerramento de uma era de folhetins que tinham a capacidade de mobilizar completamente os telespectadores, com uma trama envolvente, personagens icônicos e bordões que caíam na boca do povo.
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Durante sete meses, o público se deixou envolver por uma trama intensa, que dava destaque à Carminha, uma vilã destemperada, brilhantemente interpretada por Adriana Esteves, e capaz de cometer as maiores atrocidades, como abandonar a própria enteada em um lixão. O público também pôde acompanhar a saga de Nina/Rita (Débora Falabella) em busca de vingança, após ter sido ela a criança abandonada por Carminha no lixão.
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EXPECTATIVA
Quando Avenida Brasil entrou em sua reta final, os índices de audiência já beiravam os 50 pontos na Grande São Paulo, e a repercussão da trama nas redes sociais — em uma época em que o Twitter aparecia apenas de forma emergente na internet — já era assustadora. Diante de tudo isso, a expectativa da Globo em torno da exibição do último capítulo da novela era de recorde absoluto, e não poderia ser diferente.
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A repercussão de Avenida Brasil era tamanha, que até personalidades que não tinham ligação com o meio artístico, como jogadores de futebol e até políticos, revelavam publicamente serem telespectadores assíduos do folhetim.
Em um comício de um candidato do PT a prefeito de Santo André (SP), em 19 de outubro de 2012, dia da exibição do último capítulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou aos seus apoiadores que precisava apressar o discurso para que as pessoas ali presentes pudessem ir para casa a tempo de acompanhar as emoções finais da trama.
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“Tenho que terminar o comício antes das 20h30, para os homens e mulheres irem para casa para gente ajudar o Tufão [Murilo Benício], que foi sequestrado”, declarou o político.
“Não é justo, porque ele era a única pessoa boa naquela novela. Sustenta um monte de gente, foi traído dentro de casa e ainda por cima foi sequestrado. Então, principalmente os homens desse Brasil, a gente tem que ajudar a encontrar o Tufão”, completou o ex-presidente.
O último capítulo de Avenida Brasil interferiu até mesmo na agenda da então presidente Dilma Rousseff. Na noite do dia 19, ela também participaria de um comício em São Paulo, junto com Lula, para apoiar o então candidato a prefeito Fernando Haddad (PT). Porém, para assistir ao desfecho da trama, Dilma não compareceu ao evento, que foi adiado para o sábado (20), justamente pelo temor do partido de que poucas pessoas comparecessem em virtude do final da novela.
APAGÃO?
A mobilização do público em torno do último capítulo de Avenida Brasil gerou apreensão até mesmo nas operadoras de energia, que temiam um apagão, em virtude da grande quantidade de TVs que estariam sintonizadas na novela ao mesmo tempo.
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A ONS (Operador Nacional do Sistema), que controla a distribuição de energia elétrica no país, tinha a expectativa de que durante ou logo após a exibição do último capítulo de Avenida Brasil, ocorresse um efeito chamado “rampa de carga”, com um aumento súbito no consumo de eletricidade, que poderia gerar uma demanda maior do que o fornecimento de energia é capaz de oferecer, provocando, assim, um blecaute.
Porém, o órgão orientou as operadoras de energia locais a adotarem algumas medidas de segurança, e dessa forma, não houve maiores problemas ao fim do último capítulo da novela.
NA HISTÓRIA
O Jornal Nacional tratou de aumentar ainda mais a expectativa em torno do derradeiro capítulo de Avenida Brasil, colocando no ar imagens de helicópteros que sobrevoavam locais importantes do Rio de Janeiro e São Paulo, sugerindo que as ruas estavam praticamente vazias e que o público já estava reunido para acompanhar o final da novela.
O desfecho de Avenida Brasil, que ficou marcado pela redenção de Carminha e o seu pedido de perdão sendo aceito por Nina, dividiu opiniões. Apesar disso, em termos de audiência, o folhetim escrito por João Emanuel Carneiro entrou para a história da Globo.
O final da trama atingiu a incrível marca de 52 pontos de audiência na Grande São Paulo, com picos de 54. No Rio, os números foram ainda mais impressionantes, com a novela batendo 57 pontos, com picos de 63.
O sucesso absoluto da novela chegou ao conhecimento da mídia internacional. Os jornais The Washington Post, dos Estados Unidos, e o The Guardian, do Reino Unido, destacaram o êxito do folhetim e o fato da trama retratar classes mais pobres.
A revista Fobres destacou que Avenida Brasil foi um estouro também financeiramente, arrecadando para os cofres da Globo cerca de R$ 2 bilhões, o maior lucro já obtido por uma produção na América Latina até então.
E não parou por aí: indicada ao Emmy Internacional de 2013, Avenida Brasil ainda quebrou o recorde de exportações da Globo, tendo sido licenciada para mais de 150 países ao redor do mundo, e também se tornando um fenômeno em alguns deles, especialmente na Argentina, onde o derradeiro capítulo chegou a ser visto por cerca de 6 mil pessoas, que se reuniram em um estádio de futebol em Buenos Aires, junto com alguns atores da novela.
Avenida Brasil fez história e deixou saudades, mas que podem ser superadas pelo público com a volta do folhetim, que está marcada para o dia 7 de outubro. A trama também deixou no ar o questionamento: realmente marcou o fim de uma era de folhetins de grande popularidade ou outra novela ainda será capaz de alcançar ou até mesmo superar tamanho sucesso entre o público, assim como outras obras clássicas da Globo?
Autor(a):
Renan Santos
Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.