Vera Fischer, da Globo, 67, comemora, nesta sexta-feira (28), os 50 anos daquele primeiro passo que a levaria a uma longa carreira de sucesso. Em um Maracanãzinho lotado, no Rio de Janeiro, a catarinense levava para casa o título de Miss Brasil 1969, aos 17 anos. Ela foi coroada pela baiana Martha Vasconcellos, vencedora do Miss Universo.
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Ao recordar aquele dia de glória, Vera revela que participou do concurso com um único objetivo: liberdade. Se vencesse a disputa, poderia deixar sua cidade natal e partir para o Rio. Aos 16 anos, ela recusou um primeiro convite para participar de um concurso de miss, mas no ano seguinte acabou convencida.
“Eu estudava muito, lia muito, usava óculos de grau, blusas pretas de gola rolê. Era uma afronta, para mim, ser miss, pois eu era uma intelectual”, diz. “Mas aquilo ficou na minha cabeça, pois eu queria ser livre e sair de Blumenau. Quando eu fiz 17 anos, me convidaram de novo e meu pai, que era alemão, deixou e eu falei: Vamos nessa!”
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“Não que eu me considerasse bonita, mas eu queria vencer. Aí eu fui com tudo! Ganhei o Miss Blumenau, depois vieram o Miss Santa Catarina e o Miss Brasil. Eu desfilei sem olhar para o júri, de nariz para cima. Eu queria ganhar, pois só assim o meu pai me deixaria sair de casa.”
A atriz diz acreditar que venceu o concurso por seu comportamento na passarela, pela sua presença. “Eu nunca achei que merecia. Acho que foi tudo uma questão de atitude”, analisa. “Teve um homem que jogou um paletó para eu passar desfilando”, diverte-se.
Embora não tivesse torcida, a artista lembra da reação do público do Maracanãzinho quando foi anunciada vencedora. “Era final dos anos 60. Você tem ideia da passarela e do tamanho que era? Era uma coisa inacreditável! Quando eu fui consagrada miss Brasil, a multidão pegou fogo”, conta.
Após vencer o concurso nacional, Vera viajou para os Estados Unidos para disputar o Miss Universo, mas precisava ter 18 anos para competir. E a solução encontrada foi falsificar os documentos da jovem. “Durante muitos anos meu passaporte e carteira de identidade tiveram um ano a mais. Há pouco tempo que eu atualizei. Foi divertido.”
Vera diz que já não costuma acompanhar as disputas de beleza, mas conta que assistiu ao Miss Universo do ano passado e aprovou as recentes mudanças nas regras do concurso, que agora permite a inscrição de mulheres trans. “Fiquei muito feliz porque concorreu a Miss Espanha, que é trans. E é linda. Eu achei maravilhoso. Acho bacana que as coisas tenham mudado.”
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Famosa por suas personagens nas novelas da Globo, a atriz Vera Fischer estreou nos folhetins em 1977, como a Diana Queiroz de “Espelho Mágico”. Na trama, Diana era uma ex-miss Brasil e atriz de pornochanchada que tentava mudar os rumos de sua carreira.
Oito anos após a conquista do título de miss, Vera Fischer chegava à televisão como ícone da beleza no país. Àquela altura, a jovem já acumulava certa experiência como atriz –havia atuado, assim como a personagem que viveu depois, em filmes de pornochanchada.
A partir daí, o resto é história. Entre os papéis mais marcantes de Vera na TV estão Jocasta, de “Mandala” (1987), Eduarda, da minissérie “Riacho Doce” (1990), e Helena, de “Laços de Família” (2000). A atriz também esteve no ar recentemente na novela “Espelho da Vida”, exibida até março na faixa das seis. Na trama sobre vidas passadas, Vera precisou se desdobrar em três personagens diferentes.
A atriz renovou seu contrato com a Globo em abril, por mais dois anos. Ainda sem projetos definidos na emissora, ela diz que gostaria de tocar um programa focado em saúde e bem-estar.
“Eu tenho um projeto sobre bem-estar, saúde, ginástica. Sou uma pessoa física. Queria muito fazer um programa sobre isso. Se não for na Globo, vai ser um programa no YouTube”, afirma.
A atriz conta, ainda, que adora teatro, vai a todos os espetáculos e pretende estar nos palcos ainda neste ano. “Eu amo fazer teatro, pois é uma coisa que me seduz muito. Sou muito curiosa e ativa e estou vendo todas as peças que estão em cartaz. Já estou me alinhando e, até o fim do ano, com certeza eu vou estar em uma peça”.