Walcyr Carrasco se solidariza e manda apoio para Gloria Perez no aniversário da morte de sua filha
28/12/2017 às 21h44
Walcyr Carrasco e Gloria Perez são bons colegas, e provam isso através de mensagens em redes sociais, sempre um marcando o outro.
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E nesta quinta-feira, isso voltou a acontecer, quando o novelista, que está no ar com a trama das 9, O Outro Lado do Paraíso, marcou a colega e mandou apoio no dia do aniversário do assassinato de sua filha.
“25 anos que perdemos Daniella Perez pelas mãos de assassinos torpes que hoje estão soltos, refazendo suas vidas. Ela mudou de nome, ele virou pastor de igreja. Um abraço carinhoso a amiga @gloriafperez que, em meio a dor e a saudade, se mantém forte lutando por justiça”, disse Walcyr.
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O CASO:
Guilherme de Pádua, que era ator da Globo e contracenava com Daniela, foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão por assassinar a golpes de tesoura Daniella Perez em dezembro de 1992. Ele contou com a ajuda de sua mulher na época, Paula Thomaz, que também foi presa e condenada a 18 anos. O rapaz passou a frequentar a Igreja Batista Lagoinha, no bairro de classe média baixa de Belo Horizonte, assim que deixou a prisão, no ano de 1999. Tornou-se obreiro da instituição, onde conheceu e casou-se com outra mulher em 2005. Eles não estão mais juntos desde 2014.
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DESABAFO DE GLORIA:
“25 anos é menos que 25 dias, que 25 horas, que 25 segundos. Filho não se conjuga no passado!
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MUDANDO A LEI: A EMENDA POPULAR
Em 1992, as leis penais eram ainda mais frouxas. Matar não dava cadeia: assassinos tinham direito de esperar, em liberdade, por um julgamento que podia ser adiado indefinidamente — bastava ter advogados que soubessem explorar as brechas da lei e utilizar o número infinito de recursos disponíveis para atrasar o andamento dos processos.
A não ser que o crime cometido estivesse elencado na Lei dos crimes hediondos, promulgada em 1990, que listava crimes que deviam ser levados a sério. Para estes, tidos como os mais graves, a prisão era imediata e não se admitia pagamento de fiança. Matar botos, papagaios, animais que faziam parte do patrimônio, era crime hediondo -matar gente, não. Assassinato não entrou na lista.
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Descobri, então, um dispositivo da constituição que permitia à sociedade fazer passar uma lei, desde que a reinvindicação fosse assinada por uma certa porcentagem da população do país. Procurei o dr Biscaia, na época chefe do Ministério Público, e ele considerou que, ao invés de uma nova lei, o que se devia propor era incluir o homicídio qualificado (aquele em que existe a intenção de matar), no rol da Lei dos crimes hediondos.
Redigida a emenda, eu e outras mães na mesma situação, imprimimos um abaixo assinado. A distribuição, numa época sem internet e sem contar com o apoio de nenhum grande órgão de imprensa, era feita de mão em mão. Gente de todo o país escrevia, pedindo as listas, que eram passadas em repartições, escolas, shows, nas ruas mesmo. E chegavam a nos pelo correio.
Nessas condições, inimagináveis para a geração de hoje, conseguimos, em apenas três meses, reunir 1.300.000 assinaturas -a lei só pedia 1.000.000. E as levamos ao Congresso. Lá, não foi fácil o percurso: e na última sessão do ano, tão logo foi anunciada a votação da emenda, assistimos o plenário esvaziar-se, no claro intuito de impedir a votação, por falta de quorum. Senadores saíam de fininho, passavam sem nos encarar, ignorando nossos apelos para que ficassem. Não houve quorum. Mas houve um senador de coragem: Humberto Lucena, então presidente do Senado, enquadrou a emenda como urgência urgentíssima. Assim, o homicídio qualificado foi incluído na Lei dos crimes hediondos.
Foi uma campanha de mães, uma campanha encabeçada por mães que haviam perdido seus filhos: Jocélia Brandão (de Minas, mãe da Miriam Brandão), as mães de Acari, as vítimas de Vigário Geral, a Valéria Velasco, de Brasilia, e tantas outras! a mudança não teria nenhuma interferência no caso dos nossos filhos, uma vez que a lei não retroage para punir. Mas é graças a essa emenda que criminosos como Suzanne Richtofen, o casal Nardoni, e tantos outros, ainda estão na cadeia. Não fosse isso, já estariam rua há muitos anos.
Assim nasceu a primeira emenda popular da História do Brasil. Na prática, o que ela fez foi igualar
a vida humana à vida dos botos e dos papagaios. Mas já é alguma coisa!”, disse.