Prestes a estrear sua nova novela, “A Regra do Jogo”, o autor João Emanuel Carneiro falou sobre as expectativas para os próximos meses no horário nobre da Globo. Em entrevista ao Estadão, ele adianta que um personagem “torto” vai se apaixonar pela imagem de santo que as pessoas fazem dele.
Interpretado por Alexandre Nero, o protagonista será um vereador que vive de aparências e ficará dividido entre o bem e o mal, em uma espécie de balança, podendo pender para um lado ou para o outro. A novela se dividirá entre o asfalto e uma favela fictícia, inspirada no Vidigal, no Rio de Janeiro.
Intitulado como Morro da Marroca, o local será parecido com o bairro Divino de “Avenida Brasil”. Mas o autor adianta: “É diferente: é sobre a interseção do Rio de Janeiro. Por exemplo: tem um casal de classe média que não consegue mais pagar IPTU nem taxas condominiais nem reforma da portaria nem IPVA”.
“Eles são da zona sul e vão morar na favela. Aqui acontece muito. Muita gente de classe média vai morar na favela – atores, músicos, mas também médicos. É muito mais barato”, explica. Esse casal será interpretado por Bruno Mazzeo e a Monique Alfradique, que aproveitarão ao máximo a vida na favela.
“Esse casal é até um pouco o paradigma da história. A novela é um pouco sobre isso, esse momento que a gente está vivendo: a favela se aproximou muito da zona sul”, conta JEC, que explica ainda o título do folhetim: “A Regra do Jogo” é o limite de cada um arbitrar o que seria intolerável, o que seria imoral, o que seria mau-caratismo”.
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Ele também falou da maneira como escreve suas novelas, que sempre caem na boca do povo: “Nunca penso que estou fazendo a novela para agradar alguém. A novela é para me agradar. É claro que tem que ter bom senso. Não posso fazer uma história de freiras lésbicas assassinas para a família brasileira, alguma autocensura tem que ter”.
O autor também falou sobre o que o público poderá esperar da novela, sem se basear pelas suas histórias anteriores: “Na televisão, você não pode jamais se repetir. Se acha que encontrou uma fórmula, não encontrou. Cada novela é um desafio. O desafio dessa história é falar sobre o livre-arbítrio”.
E sobre a situação da antecessora, “Babilônia”, ele adianta que não saberá lidar com mudanças impostas pela Globo: “Eu não saberia fazer isso. Todas as histórias já foram contadas no mundo, a maneira de contá-las é que é nova. Uma boa história, o público sempre vai querer, vai gostar e vai aceitar”, revela.
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“Acho que nenhum escritor pode ter medo do conflito, de temas fortes, de tintas fortes, que é isso que faz a dramaturgia. Tirar essas coisas de uma história que eventualmente não deu certo é acabar de matar a história. Tanto é que tem uma novela das onze, do Walcyr Carrasco, que tem prostituição, temas fortes e é um sucesso”, explica.
“Quando você escreve uma coisa, tem que acreditar, mesmo que seja mentira, que aquilo é a melhor coisa do mundo. Senão, não funciona. Sempre acho as minhas histórias maravilhosas”, ressalta. E ele conta ainda que repetirá a fórmula que fez sucesso em suas novelas, com a estratégia de contar com um elenco enxuto.
Contrariando autores como Glória Perez, que prefere muitos nomes, ele surpreende: “Não tem nem 40 [atores]. Sempre falo isso: tem que fazer a novela com o número de pessoas que eu consigo me relacionar numa semana. Jamais conseguiria me relacionar com 150 pessoas numa semana”.
“A Regra do Jogo” estreia no dia 31 de agosto.
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